Bayrou convoca voto de confiança em meio à crise fiscal e resistência ao orçamento de 2026

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Foto: REUTERS/Sarah Meyssonnier
Foto: REUTERS/Sarah Meyssonnier

O primeiro-ministro da França, François Bayrou, anunciou nesta segunda-feira (25) que colocará seu governo à prova em um voto de confiança na Assembleia Nacional, marcado para o dia 8 de setembro. A decisão ocorre em meio à intensa disputa sobre o Orçamento de 2026, que prevê cortes profundos de cerca de € 44 bilhões (aproximadamente R$ 285 bilhões).

O plano orçamentário inclui medidas polêmicas como o congelamento de gastos sociais, a eliminação de dois feriados nacionais — a segunda-feira de Páscoa e o 8 de maio, data da vitória na Segunda Guerra Mundial —, além de redução de investimentos em saúde e extinção de milhares de cargos públicos. Bayrou defendeu o pacote como necessário para evitar o superendividamento do país:

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“Sim, é arriscado [submeter-se ao voto], mas é ainda mais arriscado não fazer nada”, declarou.

 Oposição articulada e clima de tensão

A proposta enfrenta forte resistência no Parlamento. O líder da extrema-direita, Jordan Bardella, afirmou que Bayrou “acaba de anunciar o fim de seu governo” e garantiu que o Reunião Nacional não apoiará “um governo cujas escolhas causam sofrimento ao povo”.

Na esquerda, o movimento La France Insoumise também se posicionou contra o projeto. A votação ocorrerá dois dias antes de manifestações organizadas por sindicatos e partidos progressistas, marcadas para 10 de setembro, contra a política de austeridade.

 Déficit elevado e medidas impopulares

A França enfrenta um cenário fiscal delicado: o déficit público projetado para 2025 é de 5,4% do PIB, enquanto a dívida nacional já representa 114% da economia. O governo promete reduzir o déficit para 3% até 2029, conforme exigido pela União Europeia.

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Para atingir essa meta, Bayrou propõe:

  • Corte de € 5 bilhões em saúde
  • Congelamento de aposentadorias
  • Tabela do imposto de renda sem correção pela inflação
  • Criação de uma “contribuição dos mais afortunados”, sem adotar explicitamente um imposto sobre grandes fortunas

 Histórico de instabilidade

A dificuldade em aprovar o orçamento remete ao colapso do gabinete anterior, liderado por Michel Barnier, que caiu em dezembro de 2024 após apenas três meses de gestão. Bayrou, à frente de uma coalizão de centro-direita sem maioria parlamentar, já sobreviveu a oito moções de censura desde a dissolução da Assembleia pelo presidente Emmanuel Macron, em junho de 2024.

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