O ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento nesta terça-feira (10) no Supremo Tribunal Federal (STF) como parte do processo penal que investiga a tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de Janeiro de 2023. Durante o interrogatório, Bolsonaro negou que tenha incentivado os atos e classificou como “malucos” os apoiadores que defendiam uma intervenção militar no Brasil.
Ao longo do depoimento, o ex-presidente afirmou que, após perder as eleições presidenciais, não convocou protestos e não incentivou ações ilegais. Segundo ele, sua postura foi de reclusão no Palácio da Alvorada durante o período de transição.
“Eu pacifiquei ao máximo que pude durante os dois meses de transição. Não teve estímulo da minha parte a fazer nada de errado. Obviamente, perdi a eleição, não convoquei ninguém para fazer protestos, fazer qualquer coisa ilegal ou até mesmo legal.”
Bolsonaro enfatizou que não desmobilizou os apoiadores que estavam em frente aos quartéis pedindo uma intervenção militar porque, segundo ele, a dispersão poderia resultar em novos protestos na Praça dos Três Poderes.
Durante a audiência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, questionou Bolsonaro sobre a falta de ações para conter a mobilização de seus seguidores, que permaneceram acampados por semanas em protestos antidemocráticos. O ex-presidente minimizou os pedidos de intervenção militar e comentou que muitos manifestantes nem sabiam o significado do AI-5, fazendo referência ao ato institucional que intensificou a repressão da ditadura militar brasileira.
Apesar dos argumentos apresentados por Bolsonaro, o depoimento faz parte de um processo mais amplo, que analisa sua responsabilidade na movimentação de grupos ligados à tentativa de golpe.
Com o encerramento dos interrogatórios desta fase, o STF deve iniciar a etapa de análise das provas e definição de diligências adicionais. Em seguida, a Procuradoria-Geral da República e a defesa dos réus terão prazos para apresentar suas alegações finais, o que pode acelerar a tramitação do caso.