Em meio à reta final do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) demonstrou uma mudança de estratégia política ao concentrar seus discursos na formação de uma base aliada no Congresso Nacional para as eleições de 2026.
Durante ato realizado no domingo (29), na Avenida Paulista, em São Paulo, Bolsonaro pediu ao público apoio para eleger “50% da Câmara e 50% do Senado”. Pela primeira vez, evitou centrar sua fala em uma eventual candidatura presidencial, indicando uma possível reconfiguração de sua atuação política frente à inelegibilidade e às investigações judiciais em curso.
Aliados próximos avaliam que a mudança de tom é reflexo do avanço do processo no STF e do reconhecimento de que Bolsonaro dificilmente reverterá sua situação jurídica. O foco na eleição de parlamentares é visto como uma forma de manter influência legislativa e proteger interesses políticos de seu grupo, incluindo familiares.
Nos bastidores, dirigentes do Centrão têm demonstrado resistência em aceitar membros da família Bolsonaro em chapas majoritárias, como vice-presidências. Há receio de que isso possa transferir índices de rejeição a nomes como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema ou Ratinho Júnior, cotados como possíveis representantes da direita na corrida ao Planalto.
A estratégia agora inclui o fortalecimento de candidaturas legislativas de filhos de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, nomes com desempenho consistente em pesquisas para a Câmara e o Senado.
O ato político contou com cerca de 12 mil participantes, segundo organizadores, e teve a presença de diversas figuras da direita, como os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Cláudio Castro (RJ) e Jorginho Mello (SC). Também participaram parlamentares como Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO), Magno Malta (PL-ES) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).