O ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou orientação ao advogado Martin De Luca, representante da empresa Rumble e da Trump Media & Technology Group, sobre como reagir publicamente às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. A informação consta em relatório da Polícia Federal, que inclui áudios e mensagens trocadas entre Bolsonaro e De Luca.
No áudio, Bolsonaro afirma ter redigido uma nota elogiando o ex-presidente norte-americano Donald Trump e pede que De Luca o oriente sobre como divulgar o conteúdo nas redes sociais. Ele destaca que considera a “liberdade acima da questão econômica” e expressa gratidão a Trump. Para a Polícia Federal, o pedido demonstra alinhamento com interesses externos e tentativa de utilizar medidas de outro governo contra o Brasil em benefício próprio.
O relatório também aponta que Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atuaram para pressionar autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação indica que os dois disseminaram mensagens nas redes sociais com o objetivo de interferir na Ação Penal 2668, que trata da tentativa de golpe de Estado.
As conversas revelam ainda atritos entre pai e filho. Em uma das mensagens, Eduardo xinga Bolsonaro após declarações públicas sobre o conflito com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O deputado também admite que sua atuação junto ao governo Trump tinha como foco proteger o pai de uma eventual condenação.
Além disso, a Polícia Federal encontrou no celular de Bolsonaro um rascunho de pedido de asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei. No documento, Bolsonaro alegava perseguição política e solicitava análise urgente da proposta. Segundo os investigadores, o texto reforça a hipótese de que o ex-presidente planejava deixar o país para evitar sanções judiciais.