O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a se posicionar contra investigações conduzidas pela Polícia Federal, afirmando ser o político mais perseguido do Brasil. A declaração foi feita durante um discurso na Feicorte, evento agropecuário em Presidente Prudente (SP), poucas horas depois de ser indiciado pelo suposto esquema de espionagem ilegal na Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
Mesmo inelegível, Bolsonaro mantém ativa sua estratégia de mobilização popular e política, reforçando o tom de embate contra instituições do país e exaltando valores como família tradicional, patriotismo e liberdade democrática.
Investigação sobre espionagem e uso da Abin
O indiciamento recente está relacionado ao caso da chamada “Abin paralela”, em que a Polícia Federal investiga suspeitas de uso da agência para monitorar adversários políticos e autoridades dos Três Poderes entre 2019 e 2023.
Segundo as investigações, o esquema envolvia o software espião First Mile, adquirido de uma empresa israelense e utilizado mais de 60 mil vezes, com pico de uso em 2020, ano de eleições municipais.
Entre os alvos estariam ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Dias Toffoli, além de políticos como João Doria, Arthur Lira e Rodrigo Maia.
Parte da estrutura investigada teria sido alimentada pelo chamado gabinete do ódio, grupo supostamente coordenado por Carlos Bolsonaro, focado em ataques virtuais e disseminação de desinformação.
Discurso de Bolsonaro e apoio de Tarcísio de Freitas
Durante a feira agropecuária, Bolsonaro adotou um tom desafiador ao falar sobre seu novo indiciamento.
“Eu duvido que alguém no Brasil foi mais perseguido do que eu. Mas vale a pena. Nós temos que enfrentar os desafios. Nós mexemos com um sistema podre.” — declarou o ex-presidente.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reforçou seu apoio a Bolsonaro, publicando fotos ao lado do ex-presidente e destacando a mobilização popular no evento.
“De arrepiar chegar à feira com o mito e sentir o carinho da multidão.” — escreveu Tarcísio em suas redes sociais.
A Polícia Federal deve encaminhar o relatório final da investigação ao Ministério Público Federal (MPF), que decidirá sobre possível denúncia formal contra Bolsonaro e outros envolvidos no caso.
Caso a denúncia seja aceita, o ex-presidente poderá responder na Justiça e enfrentar novas complicações jurídicas.
Enquanto isso, Bolsonaro continua participando de eventos e mobilizações pelo país, buscando manter sua influência política mesmo fora das eleições.
