O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (17) que está disposto a negociar diretamente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as tarifas de 50% aplicadas a produtos brasileiros, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalize positivamente e permita a devolução de seu passaporte, atualmente retido pela Polícia Federal.
Em coletiva de imprensa, Bolsonaro declarou:
“Se o Lula sinalizar para mim, eu sei que não é ele que vai dar o passaporte, eu negocio com o Trump. Quem não vai conversar vai pagar um preço alto”.
O ex-presidente também disse acreditar que conseguiria audiência com Trump, e que o mandatário norte-americano está empenhado em “restabelecer a democracia”.
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros foi anunciada por Trump na semana passada e está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto de 2025. O governo dos EUA associou a sanção à relação política entre o Brasil e Venezuela, bem como às ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro.
O presidente Lula classificou a carta enviada por Trump como um “ato de desrespeito” e reforçou que decisões judiciais no Brasil não podem ser influenciadas por lideranças internacionais.
Bolsonaro afirmou que o Brasil está se tornando “isolado” e alertou para as consequências econômicas da falta de diálogo com Washington. Segundo ele, o Brasil corre o risco de se alinhar apenas à China, sem diversidade de acordos comerciais.
“Trump jogou pesado com a China, não vai jogar com o Brasil? Ele não quer o Brasil cada vez mais próximo da Venezuela”, disse Bolsonaro.
A devolução do passaporte está condicionada às decisões judiciais no processo em que o ex-presidente é réu por tentativa de golpe e outros crimes.
