Um relatório publicado nesta quinta-feira (10) pelo Bradesco estima que a decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros poderá causar uma queda de US$ 15 bilhões nas exportações do Brasil, o equivalente a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB). A previsão faz parte do documento Economic Highlights, que analisa os impactos econômicos da medida anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump.
O banco afirma que esse prejuízo representa uma perda adicional de US$ 13,6 bilhões em comparação à tarifa de 10%, anunciada anteriormente. A nova taxa entrará em vigor em 1º de agosto, e ainda existe espaço para negociações diplomáticas nas próximas três semanas.
Projeções econômicas e câmbio
- Para manter a conta corrente estável, o Bradesco prevê que o real pode sofrer uma desvalorização de 6%.
- Com isso, o índice IPCA pode subir 0,35 ponto percentual, elevando a inflação para próximo de 5,5% ainda em 2025.
- O banco alerta também para impactos indiretos, como o aumento da incerteza econômica, o que pode afetar investimentos e estabilidade de mercado.
Setores mais afetados
As tarifas devem atingir principalmente os setores que lideram as exportações brasileiras aos EUA, como:
- Petróleo bruto
- Café
- Aço semiacabado
- Ferro-gusa
- Aeronaves comerciais
Em 2024, o comércio bilateral entre Brasil e Estados Unidos totalizou US$ 92 bilhões, sendo que os americanos registraram um superávit de US$ 6,8 bilhões, conforme dados do US Census Bureau.
Apesar de Trump alegar que os EUA enfrentam déficits comerciais com o Brasil, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) afirma que os americanos mantêm superávit há 17 anos consecutivos. A decisão tem sido interpretada como política, já que o presidente norte-americano citou como motivação os processos judiciais brasileiros contra Jair Bolsonaro e supostas “ameaças às eleições livres”.
Economistas e analistas internacionais alertam que a imposição unilateral pode provocar uma guerra comercial entre os dois países, com reflexos negativos para ambas as economias.