O Brasil pode enfrentar um dilema estratégico no comércio exterior diante da ameaça dos Estados Unidos de aplicar tarifas adicionais aos países que continuarem importando petróleo e derivados da Rússia. A medida faz parte de um esforço da Casa Branca para intensificar o isolamento econômico russo até que um acordo de paz seja alcançado na guerra com a Ucrânia.
Dependência brasileira do diesel russo
Entre janeiro e junho deste ano, o Brasil importou cerca de 7,9 milhões de metros cúbicos de óleo diesel, sendo 61% desse total provenientes da Rússia. Isso coloca o país em uma posição vulnerável frente às sanções secundárias anunciadas por Donald Trump, que ameaçou taxar em até 100% os países que mantiverem relações comerciais energéticas com o Kremlin.
Preocupação da Abicom
Em entrevista à CNN, Sérgio Araújo, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), alertou sobre o risco de escassez caso o Brasil interrompa as compras:
“Teremos um impacto bastante significativo… não é fácil encontrar fornecedores alternativos para esse volume”, afirmou.
A Rússia fornece mais que o dobro da quantidade de diesel em relação ao segundo maior parceiro, os Estados Unidos (24%), seguido por Arábia Saudita (6%) e Omã (3%).
Alternativas sob estudo
Segundo Araújo, o Brasil já avalia opções como o Golfo americano, refinarias dos Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Qatar e demais países produtores da região para compensar uma eventual interrupção nas compras russas.
India na mira dos EUA
A pressão americana já tem alvos: os produtos indianos sofrerão tarifas de 25%, após o país seguir comprando petróleo russo. Essa sinalização reforça os desafios diplomáticos e comerciais que nações como o Brasil podem enfrentar.