A China se consolidou como o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009, impulsionada pela demanda por commodities agrícolas, minerais e petróleo. Em 2024, o país asiático foi responsável por 28% das exportações brasileiras, superando os Estados Unidos, que ficaram com 12%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca aprofundar essa relação, mas especialistas alertam para os riscos de uma dependência excessiva.
Crescimento do comércio Brasil-China
A parceria entre Brasil e China começou a se fortalecer em 2004, quando o então presidente Lula reconheceu a China como uma economia de mercado. Na época, o comércio entre os países girava em torno de US$ 8 bilhões por ano.
Nos anos seguintes, esse fluxo comercial triplicou, chegando a US$ 35 bilhões em 2009. Desde então, a China se tornou o principal comprador de produtos brasileiros, ultrapassando os Estados Unidos.
Em 2023, a China comprou mais produtos brasileiros do que a soma dos seis outros maiores importadores, incluindo Argentina, Países Baixos, Espanha, Singapura e México.
Brasil é dependente da China?
Especialistas divergem sobre o grau de dependência do Brasil em relação à China. Alguns afirmam que o país está perigosamente dependente, enquanto outros avaliam que há uma relação de dependência mútua.
O ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reconhece a importância da parceria, mas alerta:
“Não queremos depender de um único país. Nem é bom para a China.”
Já o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, afirma que a dependência é clara:
“A cada dia que passa, a China ocupa mais espaço nas exportações do Brasil.”
Riscos da concentração comercial
A dependência do Brasil em relação à China pode trazer riscos econômicos, como:
- Impacto de crises na economia chinesa, que afetariam diretamente as exportações brasileiras.
- Queda nos preços das commodities, reduzindo o superávit comercial do Brasil.
- Desindustrialização, já que o Brasil exporta commodities e importa produtos manufaturados da China.
O pesquisador Maurício Santoro destaca que a relação entre os países é assimétrica, pois o Brasil depende mais da China do que o contrário.
Alternativas para diversificação
Para reduzir a vulnerabilidade, especialistas sugerem que o Brasil diversifique seus mercados e produtos exportados.
O governo brasileiro tem buscado ampliar parcerias comerciais com outros países, como Vietnã e França, além de acelerar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.
Além disso, empresas chinesas anunciaram R$ 27 bilhões em investimentos no Brasil, incluindo setores como energia renovável, tecnologia e indústria automotiva.
A expectativa é que esses investimentos ajudem a fortalecer a economia brasileira e reduzir a dependência exclusiva da China.
Fonte: Redação