O Ministério das Relações Exteriores encaminhou nesta segunda-feira (25) ao governo da Itália o pedido oficial de extradição de Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A solicitação foi protocolada pela embaixada brasileira em Roma, por meio de nota verbal junto à Farnesina, o Ministério dos Assuntos Exteriores italiano.
O pedido teve origem em uma solicitação feita por Moraes ao Ministério da Justiça, que repassou o documento ao Itamaraty para formalização. Tagliaferro reside atualmente na Itália — mesmo destino escolhido pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) ao deixar o Brasil — e prepara uma denúncia contra Moraes a ser apresentada ao Parlamento Europeu.
⚖️ Acusações e investigação
A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa Tagliaferro de diversos crimes, incluindo:
- Violação de sigilo funcional
- Coação no curso do processo
- Obstrução de investigações sobre organização criminosa
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Segundo a denúncia, o ex-assessor teria vazado informações confidenciais obtidas durante sua atuação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando Moraes presidia a Corte. A PGR afirma que os vazamentos tinham como objetivo prejudicar investigações e favorecer interesses próprios e de terceiros.
Em abril deste ano, a Polícia Federal indiciou Tagliaferro pela divulgação de conversas privadas entre Moraes e servidores do TSE e STF, consideradas como prejuízo à administração pública.
📢 Discurso político e apoio de aliados
Nas redes sociais, Tagliaferro tem sustentado a narrativa de perseguição política. Em uma postagem feita no fim de julho, prometeu revelar os “bastidores” do gabinete de Moraes:
“Tenho bastante coisa contra o ministro, que destruiu minha vida e de várias pessoas”, escreveu.
O ex-assessor conta com apoio de grupos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e se alinha a vozes que criticam decisões de Moraes, apontando supostos abusos de autoridade.
🕵️ Estratégia articulada e reação da PGR
Para o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a permanência de Tagliaferro na Itália faz parte de uma estratégia coordenada por investigados que deixaram o Brasil com o objetivo de fortalecer ataques contra as autoridades responsáveis pelas investigações. Segundo Gonet, a conduta do ex-assessor evidencia seu alinhamento com uma organização criminosa que busca desestabilizar o trabalho institucional.