A Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgou um relatório com propostas para combater a poluição por microplásticos no país. O documento, lançado em 7 de agosto, reúne dados sobre os impactos ambientais e de saúde causados por resíduos plásticos e apresenta estratégias para reduzir a contaminação de rios e oceanos. Segundo os pesquisadores, o Brasil é responsável por até 190 mil toneladas de lixo marinho por ano.
De acordo com o levantamento, cerca de 80% dos resíduos plásticos que chegam ao mar têm origem em atividades terrestres, como turismo, ocupação urbana desordenada, indústria e má gestão de resíduos sólidos. Os outros 20% são gerados por ações no próprio ambiente marinho, como transporte e pesca. A produção global de plástico ultrapassa 400 milhões de toneladas por ano, com menos de 10% sendo reciclado.
Os microplásticos se dispersam por marés, ventos e correntes, podendo ser ingeridos por animais marinhos e entrar na cadeia alimentar. Estudos recentes identificaram microplásticos em órgãos humanos, incluindo placentas e cordões umbilicais, o que levanta preocupações sobre os efeitos na saúde.
O relatório propõe seis eixos estratégicos para enfrentar o problema:
- Governança: revisão do Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar e apoio ao tratado internacional sobre poluição plástica.
- Ciência e inovação: incentivo à reciclagem, substituição de polímeros sintéticos por biodegradáveis e reaproveitamento de materiais.
- Financiamento: criação de mecanismos para avaliar riscos à saúde e uso de nanotecnologia para mitigar impactos.
- Capacitação: formação de catadores e professores para ampliar o conhecimento sobre descarte correto.
- Circularidade: mudanças na legislação para recolhimento e separação adequada de resíduos plásticos. - Educação ambiental: campanhas voltadas a trabalhadores da indústria, empresários e produtores rurais.