Brasil sobe em ranking de competitividade, mas ainda enfrenta desafios estruturais

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Brasil teve seu melhor desempenho no pilar de performance econômica (30º lugar).Agência CNI

O Brasil avançou quatro posições no ranking global de competitividade, divulgado pelo Institute for Management Development (IMD) em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). Apesar da melhora, o país continua entre os últimos colocados, ocupando a 58ª posição entre 69 nações avaliadas.

Motivos para a melhora no ranking

A pesquisa aponta que o avanço foi impulsionado por fatores conjunturais, como:

  • Aumento do investimento direto estrangeiro (Brasil ocupa a 5ª posição nesse indicador);
  • Geração de empregos de longo prazo (7º lugar global);
  • Atividade empreendedora em estágio inicial (8º lugar);
  • Participação expressiva em energias renováveis (5º lugar).

Esses elementos trouxeram resultados positivos no curto prazo, mas especialistas alertam que reformas estruturais ainda são necessárias para garantir um crescimento sustentável.

Áreas de maior dificuldade para o Brasil

Por outro lado, o país ainda enfrenta desafios em indicadores fundamentais para a competitividade global, ocupando as piores posições em áreas como:

  • Educação básica (69º lugar);
  • Habilidades linguísticas da população (69º lugar);
  • Produtividade da força de trabalho (67º lugar);
  • Mão de obra qualificada (68º lugar);
  • Custo do capital (69º lugar).

O diretor do núcleo de Inovação e Tecnologia da Fundação Dom Cabral, Hugo Tadeu, ressaltou que o Brasil cresce impulsionado por setores tradicionais, como agronegócio e mineração, mas enfrenta dificuldades devido à baixa qualificação da força de trabalho e à falta de inovação.

“Sem tecnologia, inovação e profissionais capacitados, esse avanço não se sustenta no longo prazo.” — explicou Tadeu em entrevista coletiva.

Aumento de impostos afeta investimentos

Outro fator que impacta negativamente a posição do Brasil no ranking é a alta carga tributária. A recente elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), segundo especialistas, afugenta investidores e dificulta a expansão do setor produtivo.

“O aumento de impostos encarece o custo do dinheiro e torna o Brasil um país menos atraente para investimentos externos.” — afirmou Tadeu.

Além disso, a pesquisa destaca o uso excessivo de subsídios pelo governo, que pode distorcer a alocação de recursos e prejudicar setores estratégicos.

Caminhos para um avanço sustentável

Especialistas apontam que o Brasil precisa implementar reformas estruturais para manter a competitividade, incluindo:

  1. Redução do custo de capital, garantindo um sistema tributário mais simplificado e previsível;
  2. Aumento da qualificação profissional, especialmente em setores digitais e tecnológicos;
  3. Fortalecimento da estabilidade regulatória, criando um ambiente de negócios mais seguro para investidores;
  4. Melhoria na educação básica, permitindo que a nova geração tenha mais oportunidades no mercado global.

O relatório destaca que países mais competitivos, como Suíça, Cingapura, Dinamarca e Taiwan, apostam em educação de qualidade, transferência de conhecimento e abertura comercial como pilares do desenvolvimento.

Caso o Brasil não enfrente esses desafios, continuará preso ao que economistas chamam de “voo de galinha” — crescimento instável e de curto prazo, sem perspectiva de continuidade.

O país tem ativos importantes, como uma matriz energética limpa e um setor agropecuário forte, mas precisa transformar esse potencial em desenvolvimento duradouro para subir no ranking de forma consistente.

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