Cabelo humano revela nova dimensão do sistema de escrita inca

2 Min de leitura
Foto: Divulgação/Universidade de St. Andrews

Pesquisadores da Universidade de St. Andrews, na Escócia, anunciaram a descoberta de um quipu inédito, confeccionado inteiramente com cabelo humano. O artefato, datado de 1498 d.C., oferece novas pistas sobre o sistema de registro de informações utilizado pelo Império Inca há mais de 500 anos.

Tradicionalmente, os quipus eram feitos com lã de lhama ou alpaca e usados para armazenar dados sobre bens, eventos astronômicos e aspectos administrativos. A presença de cabelo humano no cordão principal sugere que pessoas fora da elite, como plebeus, também participavam da produção desses registros, contrariando a crença de que apenas burocratas especializados, os khipukamayuqs, tinham essa função.

- Publicidade -

A análise isotópica do cabelo revelou uma dieta baseada em tubérculos, leguminosas e grãos, com pouca carne e milho, e ausência de peixe. Esse padrão alimentar é típico de habitantes do interior andino, longe da costa, reforçando a hipótese de que o doador do cabelo não pertencia à elite.

A pesquisadora Sabine Hyland, que liderou o estudo, destacou o valor simbólico do cabelo na cultura andina, indicando que o quipu pode ter sido usado para registrar oferendas rituais. A estrutura do artefato — uma mecha de 104 centímetros, dobrada e torcida — é única entre os exemplares conhecidos.

A descoberta pode levar à reinterpretação de coleções de quipus em museus e centros de pesquisa. Como o Império Inca não utilizava escrita alfabética, os quipus representavam o principal meio de comunicação e registro. A quantidade de nós, o comprimento dos cordões e a distância entre eles continham informações sobre datas, materiais e quantidades.

- Publicidade -
Ad image

O estudo foi publicado na revista Science Advances e abre caminho para novas investigações sobre a participação de diferentes grupos sociais na produção de registros históricos incas.

Compartilhar