Entidades médicas lançaram nesta semana uma campanha nacional para pressionar o governo pela inclusão de medicamentos contra obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). A mobilização é liderada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e conta com apoio de associações de cardiologia, diabetes, ginecologia e obstetrícia.
O movimento destaca que, apesar de a obesidade ser reconhecida como doença crônica pela Organização Mundial da Saúde, nenhum medicamento para perda de peso foi incorporado ao SUS até o momento. Pacientes com hipertensão, diabetes e outras doenças crônicas têm acesso gratuito a tratamentos, enquanto pessoas com obesidade permanecem sem alternativas terapêuticas na rede pública.
Entre os medicamentos já submetidos à análise da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) estão orlistate, sibutramina, liraglutida e semaglutida. Todos foram rejeitados nos últimos cinco anos. A campanha também menciona os agonistas GLP-1, conhecidos como “canetas emagrecedoras”, que ainda não fazem parte da cobertura pública.
Dados do Atlas Mundial da Obesidade indicam que 31% dos adultos brasileiros vivem com obesidade e 68% têm sobrepeso. Projeções apontam que, até 2044, quase metade da população adulta poderá estar obesa. O impacto financeiro ao sistema de saúde é estimado em US$ 1,8 bilhão em custos diretos até 2030, além de perdas indiretas que podem ultrapassar US$ 20 bilhões.
A campanha busca sensibilizar autoridades e mobilizar a sociedade para garantir acesso equitativo ao tratamento da obesidade, com foco na prevenção de doenças associadas como diabetes tipo 2 e acidente vascular cerebral.