Um levantamento do Painel Oncologia Brasil, analisado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), revela que o câncer de mama tem atingido um número significativo de mulheres com menos de 50 anos. Entre 2018 e 2023, uma em cada três pacientes diagnosticadas no país estava abaixo dessa faixa etária, representando mais de 108 mil casos.
Rastreamento precoce e desafios no SUS
Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) recomenda a realização de mamografias periódicas apenas para mulheres entre 50 e 69 anos. No entanto, especialistas defendem a ampliação desse rastreamento para pacientes abaixo dos 50 e acima dos 70 anos, uma vez que esses grupos também apresentam incidências elevadas da doença.
Segundo o CBR, a detecção precoce pode reduzir a mortalidade em até 30%, indicando que milhares de vidas poderiam ser salvas caso os exames fossem iniciados em idades menores.
Crescimento acelerado dos casos
O levantamento também aponta uma alta expressiva na quantidade de diagnósticos de câncer de mama no Brasil ao longo dos últimos seis anos. Em 2018, foram registrados 40.953 casos, enquanto em 2023, esse número subiu para 65.283, representando um crescimento de 59%.
Os estados que lideram os registros de novos diagnósticos incluem São Paulo (22.014 casos), Minas Gerais (11.941 casos) e Paraná (8.381 casos), seguidos por Rio Grande do Sul e Bahia.
Mortalidade e impactos da pandemia
Entre 2018 e 2023, foram registradas 173.690 mortes por câncer de mama no Brasil, sendo que 38.793 delas ocorreram em mulheres com menos de 50 anos. Esse número corresponde a 22% do total de óbitos no período.
O CBR ressalta que, entre 2020 e 2021, houve uma breve redução nas mortes, possivelmente devido ao impacto da pandemia de Covid-19, que dificultou o acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequado. No entanto, em 2022 e 2023, os óbitos voltaram a crescer, apontando para um possível efeito acumulado da interrupção dos serviços de saúde durante a pandemia.
A importância da prevenção
Diante desse cenário preocupante, especialistas reforçam a importância de ações preventivas, como:
- Mamografia regular a partir dos 40 anos, especialmente para mulheres com histórico familiar da doença.
- Autoexame da mama, complementado por acompanhamento médico para qualquer alteração suspeita.
- Hábitos saudáveis, incluindo alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e redução do consumo de álcool e tabaco.
O câncer de mama continua sendo uma das maiores preocupações no campo da saúde feminina, e os dados reforçam a necessidade de políticas públicas mais abrangentes para o rastreamento da doença, com foco na prevenção e no acesso ao tratamento.