Caso Kilmar Abrego Garcia reacende debate sobre deportações nos EUA: detido novamente, pode ser enviado a Uganda

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Foto: Família Abrego Garcia/Divulgação via REUTERS
Foto: Família Abrego Garcia/Divulgação via REUTERS

O salvadorenho Kilmar Abrego Garcia, que se tornou símbolo da repressão migratória nos Estados Unidos, foi novamente detido pelo ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) nesta segunda-feira (25), em Baltimore, Maryland, menos de 72 horas após ter sido liberado por um juiz federal do Tennessee para aguardar julgamento em casa.

Segundo a agência Bloomberg, o governo do presidente Donald Trump pretende deportá-lo para Uganda, país com o qual Abrego não possui qualquer vínculo pessoal ou familiar. A Costa Rica, por outro lado, já se ofereceu para recebê-lo como refugiado, mas a proposta foi rejeitada pelas autoridades norte-americanas.

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“Nosso cliente, um homem de coragem notável, apresentou-se ao ICE como exigido e foi imediatamente detido”, afirmou o advogado Sean Hecker.

 Disputa judicial e acusações políticas

Abrego é casado com uma cidadã americana e vive em Maryland. Ele ganhou notoriedade após ser deportado por engano para El Salvador, onde ficou preso em uma penitenciária de segurança máxima. A Suprema Corte dos EUA determinou seu retorno, mas desde então ele se tornou alvo prioritário da política migratória da administração Trump.

O governo condicionou sua liberdade à assinatura de um acordo: confessar-se culpado por tráfico de pessoas em troca da deportação para a Costa Rica. Ao recusar, foi ameaçado com remoção para Uganda, o que seus advogados classificam como retaliação política.

 Retórica agressiva da Casa Branca

Trump celebrou a prisão em um evento oficial, ao lado da procuradora-geral Pam Bondi e do vice-presidente JD Vance.

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“Ele é um animal”, declarou o presidente, culpando os “tribunais liberais” por decisões anteriores favoráveis a Abrego.

A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, afirmou que o ICE está conduzindo o processo de deportação para Uganda, acusando Abrego de ser membro da gangue MS-13, traficante de pessoas e predador de crianças. A defesa nega todas as acusações e afirma que não há provas consistentes que sustentem essas alegações.

 Reação de movimentos sociais

Organizações de defesa dos imigrantes denunciam que Abrego está sendo usado como exemplo para intimidar estrangeiros que desafiem a política de deportações em massa.

“Kilmar está sendo transformado em mártir por ter enfrentado práticas ilegais de deportação”, disse Lydia Walther-Rodriguez, da entidade CASA.

Uma nova ação judicial foi apresentada em Maryland para impedir sua remoção para Uganda, alegando risco de perseguição e tortura. A defesa também solicita que, caso não seja libertado, ele permaneça detido a até 200 milhas do tribunal responsável pelo caso.

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 Caso nas mãos da Justiça

A juíza federal Paula Xinis, que em julho havia proibido sua detenção no Tennessee, agora analisa o caso. A decisão anterior, no entanto, não impedia sua prisão em Maryland, o que abriu nova frente de disputa judicial.

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