CBG apresenta ação analgésica promissora em modelo animal, diz estudo da Uerj

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Pesquisa aponta canabinoide ainda pouco explorado pela ciência como alternativa promissora contra a dor — Foto: Adobe Stock

Pesquisadores do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes (IBRAG), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), demonstraram o potencial terapêutico do canabigerol (CBG) no controle da dor em testes realizados com roedores. O composto, presente na planta Cannabis sativa, é não psicoativo e tem sido pouco estudado em comparação ao tetrahidrocanabinol (THC) e ao canabidiol (CBD).

O estudo avaliou os efeitos do CBG em três modelos distintos de dor: aguda, inflamatória e neuropática crônica. A substância foi administrada por via oral, em dose de 50 mg por kg de peso corporal. Os resultados indicaram redução significativa da sensibilidade dolorosa, inclusive em camundongos com predisposição aumentada à dor decorrente de hipóxia-isquemia pré-natal.

Principais testes realizados

  • Placa quente (52°C): indicou ação analgésica central, com aumento do tempo de reação dos animais ao estímulo térmico.
  • Teste da formalina: apontou efeito do CBG tanto na fase neurogênica (inicial) quanto na fase inflamatória da dor aguda.
  • Modelo de dor neuropática crônica: demonstrou redução da sensibilidade dolorosa após dez dias de tratamento contínuo.

O estudo também monitorou os efeitos do CBG sobre a atividade locomotora com o teste de campo aberto, confirmando que os animais tratados mantiveram comportamento ativo, sem sinais de sedação ou déficit motor.

Mecanismos moleculares observados

Análises complementares indicaram que o CBG modulou a expressão de marcadores inflamatórios e nervosos associados à dor:

  • Em machos, houve redução do TNF-α, relacionado à intensificação da dor.
  • Em fêmeas, o CBG atuou na proteína Nav1.7, envolvida na transmissão de sinais dolorosos ao cérebro.

Os autores destacam que tais diferenças entre os sexos devem ser consideradas em pesquisas futuras, devido ao possível papel de hormônios como o estrogênio na resposta ao tratamento.

Perspectivas para uso clínico

Apesar dos resultados promissores em modelos animais, o uso do CBG como medicamento ainda depende de estudos clínicos em humanos para avaliar eficácia, segurança, dosagem ideal e vias de administração mais adequadas.

A pesquisa foi financiada pelo CNPq, FAPERJ e Capes, e contribui para a base científica sobre compostos da cannabis no tratamento de dores crônicas e de difícil controle.

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