China acusa os EUA de quebra de trégua comercial e promete “medidas firmes”

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Xi Jinping e Trump. (Foto: REUTERS)
Xi Jinping e Trump. (Foto: REUTERS)

A tensão entre China e Estados Unidos voltou a escalar após declarações do presidente Donald Trump, que acusou Pequim de ter “violado totalmente” o acordo firmado entre os dois países sobre o comércio de minerais estratégicos. A resposta veio rapidamente: o Ministério do Comércio da China acusou Washington de romper os termos da trégua comercial firmada em maio e prometeu adotar contramedidas.

De acordo com reportagem publicada pelo Financial Times e repercutida pela Folha de S. Paulo, o governo chinês afirmou nesta segunda-feira (2) que os EUA “violaram seriamente” o entendimento alcançado em Genebra, que previa a suspensão parcial das tarifas sobre produtos como terras raras —elementos cruciais para setores como energia limpa, defesa e tecnologia— e o destravamento do comércio desses materiais estratégicos para empresas americanas.

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O governo chinês tem cumprido rigorosamente suas obrigações, diz o ministério, mas os Estados Unidos vêm implementando “uma série de medidas discriminatórias e restritivas” que prejudicam os direitos e interesses legítimos da China. Segundo o comunicado, “se os EUA insistirem em seguir seu próprio caminho e continuarem a prejudicar os interesses da China, a China continuará a tomar medidas firmes e resolutas para salvaguardar seus direitos legítimos.

A ofensiva americana contra empresas chinesas inclui, entre outras ações, o veto global ao uso de chips da Huawei, a suspensão da venda de softwares de design de semicondutores e o cancelamento de vistos para estudantes chineses. Tais medidas foram mencionadas como violações do espírito do pacto de Genebra.

O estopim para o novo embate foi o ritmo considerado insatisfatório, por parte dos EUA, na concessão de licenças de exportação de terras raras. Segundo fontes próximas ao governo americano, a Casa Branca esperava que o acordo de 12 de maio revertesse as restrições anunciadas por Pequim em abril, o que ainda não ocorreu de forma plena.

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“Talvez seja uma falha no sistema chinês, talvez seja intencional — vamos saber depois que o presidente conversar com o líder do partido”, afirmou o secretário do Tesouro, Scott Bessent, em entrevista à rede CBS. Segundo ele, a China está retendo produtos essenciais para cadeias industriais da Índia, da Europa, “e isso não é o comportamento de um parceiro confiável”.

Apesar das críticas, Bessent declarou estar otimista de que Trump e Xi Jinping possam resolver o impasse por meio de uma conversa telefônica que, segundo assessores da Casa Branca, pode ocorrer ainda nesta semana. Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores da China não confirmou qualquer previsão de diálogo entre os líderes.

Fontes ligadas ao governo chinês sustentam que houve avanço na liberação de licenças e atribuem os atrasos a questões burocráticas. Segundo uma delas, a aprovação de quase uma dúzia de embarques teria sido suficiente para evitar o colapso completo da trégua comercial. No entanto, dezenas de pedidos continuavam pendentes, segundo relato de uma autoridade americana.

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Michael Hart, presidente da Câmara Americana de Comércio na China (AmCham China), avaliou que, apesar da lentidão, há movimento por parte de Pequim. “É um novo processo que a China está tentando implementar. O que ouvimos é que há apenas um punhado de funcionários analisando milhares de pedidos”, explicou.

Fonte: Brasil247

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