China reforça que diálogo com os EUA exige igualdade e respeito mútuo
Em um editorial contundente, o Global Times — veículo ligado ao Partido Comunista da China — reiterou que a China não aceitará negociar com os Estados Unidos a partir de uma posição de subordinação. O país defende uma relação bilateral baseada no respeito mútuo e na igualdade entre as partes, rejeitando qualquer tentativa norte-americana de impor sua vontade pela força.
Segundo o jornal, “certos políticos dos EUA ainda vivem em um mundo de fantasia de dominação hegemônica”, insistindo em usar o poder como principal critério nas relações internacionais, mesmo diante das profundas transformações no equilíbrio global. “A China real não é misteriosa nem ameaçadora, e certamente não está seguindo um roteiro escrito por terceiros”, afirma o editorial.
Críticas à visão ultrapassada dos EUA
O texto acusa os Estados Unidos de ainda enxergarem o mundo sob uma ótica imperial do século XIX. Essa mentalidade seria, de acordo com o jornal, obsoleta e incompatível com a nova realidade internacional. “É como tentar mover um trem-bala com o motor de uma charrete — está fadado a sair dos trilhos”, ironiza o editorial.
O Global Times também aponta contradições na política externa americana: ao mesmo tempo em que insiste na demonstração de força, o país reconhece sinais de declínio em sua liderança global, o que geraria uma “ansiedade hegemônica”. “É como um jogador de basquete que quer ser árbitro e competidor ao mesmo tempo — mas, quando começa a perder, abandona as regras e tenta tomar a bola à força.”
“Sem submissão”, diz Pequim
O editorial resgata uma frase marcante de Yang Jiechi, ex-alto diplomata chinês, dita durante uma reunião com autoridades dos EUA no Alasca em 2021: “Os Estados Unidos não têm qualificação para falar com a China a partir de uma posição de força”. Para o Global Times, essa não foi uma fala emocional, mas uma constatação do novo equilíbrio global.
Pequim, segundo o texto, não aceitará qualquer posição inferior nas negociações. “A atitude da China em relação aos EUA é agora muito clara — traçar linhas vermelhas e estabelecer regras. É assim que os adultos interagem”, afirma.
Interdependência e recusa ao desacoplamento
A publicação também critica a ideia de “desacoplamento” entre as duas maiores economias do mundo, alertando que tal estratégia geraria perdas para ambos os lados. Para o jornal, o único caminho possível é o diálogo entre iguais, baseado no respeito mútuo — algo que vai além do discurso diplomático e deve ser entendido como uma necessidade fundamental de convivência.
A China, ainda segundo o editorial, vê a globalização como chave para superar impasses, enquanto a busca por superioridade apenas agrava tensões e ameaça a estabilidade internacional.
Diplomacia exige maturidade
O editorial conclui com uma analogia entre relações internacionais e relações humanas: “Não se pode sempre confiar em uma força ilusória para resolver problemas; é preciso compreensão genuína e diálogo igualitário para encontrar um terreno comum.”
Na visão de Pequim, em um mundo que caminha para a multipolaridade, é necessário que prevaleçam valores como soberania, igualdade e respeito mútuo — e que os EUA adaptem sua postura se desejam construir uma relação estável com a China.
Fonte: Redação