Pesquisadores da Universidade de Osaka, no Japão, desenvolveram um método inovador para fazer o corpo produzir seu próprio tratamento contra obesidade e pré-diabetes, eliminando a necessidade de aplicações regulares de medicamentos. O estudo foi publicado na revista Communications Medicine e apresentou resultados duradouros e seguros após testes em ratos de laboratório.
Os cientistas utilizaram uma injeção única de nanopartículas lipídicas contendo um gene modificado, responsável por codificar o agonista GLP-1 chamado exenatida, mesma classe de fármaco presente em medicamentos como o Ozempic. A alteração genética fez com que o fígado dos roedores passasse a produzir exenatida de forma contínua por até 28 semanas, promovendo redução de apetite, perda de peso e melhora na sensibilidade à insulina, sem efeitos colaterais relevantes.
Segundo os autores, essa abordagem representa uma possível solução para doenças metabólicas complexas, sem origem genética definida. A técnica utiliza a ferramenta de edição genômica CRISPR, que permite incorporar diretamente nas células hepáticas o código para a produção do medicamento.
Empresas norte-americanas, como a Fractyl Health, também estão desenvolvendo tecnologias semelhantes, com foco em células pancreáticas. Estudos preliminares demonstraram perda de peso superior à alcançada com a semaglutida, princípio ativo do Ozempic.
Medicamentos como Ozempic são compostos por versões sintéticas dos agonistas GLP-1 e precisam de aplicações semanais para manter seus efeitos. A inovação do estudo japonês é permitir que o próprio corpo fabrique o princípio ativo de forma constante, após apenas uma intervenção.
Essa abordagem pode representar um avanço significativo na luta contra o diabetes tipo 2, resistência à insulina e obesidade, embora os testes em humanos ainda estejam em fase de planejamento e exigem validações éticas e científicas rigorosas.