Civilização avançada estaria enviando sinais de rádio da Constelação de Hércules para a Terra?

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Constelação de Hércules - Imagem: NASA, ESA, and the Hubble Heritage Team (STScI/AURA); Acknowledgment: C. Bailyn (Yale University), W. Lewin (Massachusetts Institute of Technology), A. Sarajedini (University of Florida), and W. van Altena (Yale University)

Uma descoberta recente no campo da radioastronomia está gerando grande excitação e questionamentos: um sinal de rádio, nomeado CHIME J1634+44, que parece emanar de uma fonte que nos envia pulsos a cada 14 minutos. Embora a detecção seja de apenas uma fração desses pulsos, as características únicas do CHIME J1634+44 o distinguem de tudo que já foi observado, principalmente sua extrema polarização e sua aceleração.

Este fenômeno se insere na categoria de Transitórios de Rádio de Longo Período (LPRTs), um tipo de fonte que, até poucos anos atrás, era quase desconhecido. Por muito tempo, os astrônomos classificavam as ondas de rádio espaciais como fontes contínuas, explosões únicas ou pulsares com ciclos de milissegundos ou segundos. Sinais com períodos mais longos eram geralmente atribuídos à atividade humana. No entanto, a professora Natasha Hurley-Walker, da Universidade Curtin, revolucionou essa visão ao encontrar um sinal com um período “impossivelmente longo” de 1.091 segundos, abrindo a porta para a busca por LPRTs cósmicos.

A busca revelou mais dez LPRTs, e em alguns casos, a explicação foi encontrada em anãs vermelhas e brancas em órbitas próximas. Contudo, novos exemplos surgiram, como aqueles detectados também em raios-X, que não se encaixam nesse padrão – sendo o CHIME J1634+44 o mais notável entre eles.

As Peculiaridades do CHIME J1634+44

O CHIME J1634+44 foi detectado pelo Experimento Canadense de Mapeamento por Intensidade de Hidrogênio (CHIME) e, de forma independente, confirmado pelos dados do Levantamento Sky da LOFAR. O primeiro pulso foi registrado em outubro de 2022, e desde então, 89 rajadas foram observadas ao longo de mais de quatro anos, algumas em sucessão rápida, permitindo a determinação precisa do seu ritmo.

Localizado na Constelação de Hércules, este LPRT se destaca por não estar em uma região aglomerada da Via Láctea, o que, em tese, facilitaria a identificação de sua fonte em outros comprimentos de onda. Apesar de alguns sinais serem observados a cada 70 minutos, a equipe de descoberta interpreta isso como um ciclo fundamental de 14 minutos, sugerindo que muitos pulsos são muito fracos ou mal direcionados para serem detectados.

O que realmente diferencia o CHIME J1634+44 é a ausência de uma estrela da sequência principal que possa justificar um sistema binário, e o fato de seu sinal ser quase 100% polarizado circularmente. A luz adquire polarização circular em campos magnéticos intensos, mas uma polarização tão próxima de 100% é extremamente rara e difícil de explicar, mesmo em comparação com outros sinais polarizados observados.

A Enigmática Aceleração

Um dos aspectos mais surpreendentes é a aceleração do CHIME J1634+44. O tempo entre os pulsos está diminuindo ligeiramente, uma característica nunca antes observada claramente em um transiente de longo período. Os pesquisadores especulam que essa aceleração pode ser causada pela queda de material de um companheiro binário em uma anã branca ou estrela de nêutrons, aumentando seu momento angular. Outra hipótese intrigante é a de duas anãs brancas em órbita, cuja aproximação seria impulsionada pela emissão de ondas gravitacionais, um fenômeno ainda não diretamente detectado.

Sinais de uma Civilização Avançada?

Por fim, os cientistas não descartam a possibilidade de os sinais de rádio estarem sendo enviados à Terra por uma civilização extremamente avançada. No entanto, essa é uma hipótese que não pode ser comprovada no momento. Como disse Carl Sagan: Afirmações extraordinárias requerem evidências extraordinárias.”

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