O lançamento do combustível E20 — composto por 20% de etanol — tornou-se obrigatório na maioria dos postos da Índia, gerando preocupações entre motoristas sobre o desempenho e a durabilidade dos veículos, especialmente os mais antigos. Apesar disso, representantes da indústria automotiva garantem que o uso é seguro.
Segundo a Sociedade Indiana de Fabricantes de Veículos (Siam), a nova mistura pode reduzir a quilometragem dos veículos entre 2% e 4%, mas não representa riscos à segurança. “Milhões de veículos já rodam com E20 sem registro de falhas mecânicas”, afirmou P.K. Banerjee, diretor executivo da entidade, durante um evento em Nova Délhi.
A medida faz parte da meta estabelecida pelo governo indiano para 2025, alinhada à política de energia limpa promovida pelo primeiro-ministro Narendra Modi. No entanto, a substituição das misturas anteriores — como E5 e E10 — por E20 em quase todos os 90 mil postos do país deixou os motoristas sem alternativas, gerando críticas e confusão.
Estudos científicos indicam que a queda na eficiência é limitada, mas especialistas alertam que fatores como manutenção e estilo de condução podem ampliar essa perda em condições reais. “Na estrada, os resultados podem variar bastante”, explicou C.V. Raman, da Maruti Suzuki.
A Siam representa grandes montadoras como Hyundai, Tata Motors, Toyota e Mahindra. Executivos dessas empresas participaram do evento para esclarecer dúvidas da imprensa sobre o programa de etanol.
A controvérsia se intensificou após declarações contraditórias das montadoras sobre a compatibilidade do E20 com veículos antigos. Inicialmente, afirmaram que não havia testes suficientes; depois, recuaram e garantiram que o combustível é seguro. A falta de clareza aumentou a insatisfação dos consumidores, que recorreram às redes sociais para expressar suas preocupações.
Um processo de interesse público contra a obrigatoriedade do E20 será analisado pela Suprema Corte da Índia nesta segunda-feira (1º), enquanto o debate sobre eficiência, segurança e liberdade de escolha continua a mobilizar motoristas e especialistas.