Como os cães de Chernobyl sobreviveram por 15 gerações?

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Em 26 de abril de 1986, a usina nuclear de Chernobyl explodiu, causando o pior acidente radioativo do mundo - Foto: Mike Hettwer

Desde o desastre nuclear de Chernobyl, em 1986, uma população de cães semisselvagens tem sobrevivido na Zona de Exclusão de Chernobyl (ZEC), desafiando as condições extremas de radiação. Um estudo publicado na revista Science Advances, em 2023, revelou que esses animais desenvolveram características genéticas únicas, permitindo sua adaptação ao ambiente altamente radioativo.

A origem dos cães de Chernobyl

Quando o reator da Usina Nuclear de Chernobyl explodiu, milhares de moradores foram evacuados, deixando para trás seus animais de estimação. Sem cuidados humanos, os cães passaram a viver de forma selvagem, formando matilhas e se reproduzindo ao longo de quase quatro décadas.

Atualmente, centenas de cães habitam a região, sendo alimentados por turistas, influenciadores e trabalhadores da zona de contenção.

O estudo genético

Pesquisadores analisaram o DNA de 302 cães que vivem próximos à usina e compararam com outros que habitam áreas entre 15 e 45 quilômetros do local do desastre. O objetivo era entender como esses animais sobreviveram por 15 gerações em um ambiente hostil.

Os resultados mostraram que os cães da usina desenvolveram uma assinatura genética própria, distinta das demais populações estudadas. Segundo a geneticista Elaine Ostrander, do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano, nos EUA, a pesquisa busca responder à pergunta: “Como você sobrevive em um ambiente hostil como este por 15 gerações?”

Adaptação à radiação

Os cães que vivem dentro da usina apresentam maior similaridade genética entre si, indicando que a exposição prolongada à radiação pode ter influenciado sua evolução. No entanto, os cientistas ainda investigam se essas mutações foram causadas diretamente pela radiação ou por endogamia, ou seja, acasalamento entre indivíduos geneticamente semelhantes.

Foto de Mike Hettwer

O estudo também identificou cerca de 15 famílias distintas dentro da população de cães, sugerindo que diferentes grupos se adaptaram de maneiras variadas ao ambiente radioativo.

Impacto na ciência e na saúde humana

Os pesquisadores acreditam que os cães de Chernobyl podem servir como modelo para estudos sobre os efeitos da radiação em mamíferos, ajudando a entender como organismos vivos lidam com exposição prolongada à radiação ionizante.

Além disso, os resultados podem contribuir para pesquisas sobre adaptação genética em ambientes extremos, incluindo locais de alta radiação no espaço.

Fonte: Redação
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