O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, revelou que diversos países solicitaram oficialmente a retirada da conferência climática da ONU de Belém (PA) devido aos altos preços das diárias de hotéis. Segundo ele, os valores foram considerados “extorsivos”, especialmente por países em desenvolvimento, que alegam não conseguir arcar com os custos para participar do evento previsto para novembro de 2025.
Corrêa do Lago afirmou que, em alguns casos, os preços das hospedagens foram multiplicados por até 15 em relação ao valor normal. A prática tem gerado desconforto diplomático e levou representantes internacionais a pressionarem o Brasil por uma solução. A Casa Civil coordena um grupo de trabalho para negociar a redução dos preços, mas a legislação brasileira não permite impor limites às tarifas da rede hoteleira.
Em reunião de emergência do COP Bureau, órgão climático da ONU, o Brasil se comprometeu a apresentar um relatório sobre as condições de hospedagem até 11 de agosto. Delegações africanas alertaram que não pretendem reduzir sua participação e exigem alternativas viáveis. Países ricos também relataram dificuldades para garantir acomodações, e alguns consideram diminuir o número de representantes.
Para ampliar a capacidade de hospedagem, o governo brasileiro anunciou a contratação de dois navios de cruzeiro, que fornecerão 6 mil leitos adicionais. Também foram abertas reservas com diárias de até US$ 220 para países em desenvolvimento. No entanto, esse valor ainda supera o auxílio-moradia de US$ 149 oferecido pela ONU a delegações de nações mais pobres.
Diplomatas de países como Holanda e Polônia indicaram que podem reduzir suas delegações pela metade ou até cancelar a participação, caso não haja solução para os preços elevados. A COP30 será a primeira conferência climática da ONU realizada na Amazônia e deve reunir cerca de 45 mil pessoas de mais de 190 países.