A prática de remover cutículas, comum em salões de beleza no Brasil, pode comprometer a proteção natural das unhas e abrir caminho para infecções causadas por fungos, bactérias e vírus. Dermatologistas alertam que a cutícula funciona como uma barreira biológica que protege a matriz da unha — região responsável por sua formação. Quando retirada, essa camada deixa a área vulnerável à entrada de microrganismos, especialmente quando instrumentos não são devidamente esterilizados.
Entre os problemas mais frequentes estão a inflamação da cutícula (cuticulite), que provoca vermelhidão, dor e inchaço; infecções bacterianas, que podem evoluir para quadros com pus e exigir tratamento com antibióticos tópicos; e infecções virais, como verrugas causadas pelo HPV, geralmente associadas ao hábito de roer unhas ou ao uso de materiais contaminados.
Em casos de inflamação leve, recomenda-se o uso de pomadas antibióticas. Se os sintomas persistirem, é necessário procurar um dermatologista. Para evitar o surgimento de “pelinhas arrebitadas” e o ressecamento da região, o ideal é manter a cutícula hidratada com produtos específicos, como cremes à base de ureia ou óleos nutritivos. Em consultórios, podem ser aplicados ácidos em sessões periódicas para tratar o excesso de pele.
Nos salões, é essencial exigir o uso de instrumentos esterilizados. Produtos como pedra hume e pó hemostático, usados para estancar sangramentos, não têm ação contra bactérias, sendo necessário complementar com pomadas antibióticas. Muitos estabelecimentos já adotam embalagens próprias para autoclave, abertas na frente da cliente.
Há também soluções caseiras para aliviar inflamações. Para os pés, recomenda-se imersão em água morna com vinagre e sal por 10 minutos, três vezes ao dia. Para as mãos, pode-se aplicar uma mistura semelhante com borrifador, duas vezes ao dia.
Para manter as unhas saudáveis sem remover as cutículas, especialistas sugerem amolecer a pele com água morna e creme específico, empurrá-la suavemente com palito, retirar apenas peles soltas com alicate e finalizar com hidratação. O uso de esmaltes não transmite infecções, desde que os materiais utilizados estejam devidamente higienizados.