Entre abril e junho, a Tesla entregou 384.122 veículos globalmente, uma queda de 13,5% em relação ao mesmo período de 2024, revelando desaceleração em todos os segmentos de produto. Na categoria “outros modelos” — que inclui Model S, Model X, Semi e Cybertruck —, as entregas despencaram de 21.500 no 2º trimestre de 2024 para apenas 10.394 em 2025, uma retração de 52%.
Cybertruck à parte
Dados da consultoria S&P Global Mobility mostram que, nos primeiros três meses de 2025, 7.100 das 12.900 unidades “outros” eram Cybertrucks, pouco mais da metade. Mantidas as proporções, isso sugere vendas de cerca de 5.000 a 6.000 picapes no 2º trimestre.
Preço, performance e recall
Vários fatores têm freado a demanda pelo Cybertruck:
- Preço sugerido de US$ 80 000 a US$ 100 000, elevando o custo total para o consumidor
- Fim iminente dos créditos fiscais federais de até US$ 7 500
- Recalls sucessivos, como o desprendimento de painéis de aço externo em rodagem
- Autonomia real de ~320 km, longe dos 800 km prometidos
- Desistência silenciosa do extensor de autonomia originalmente anunciado
- Associação à agenda política de Elon Musk e ao movimento MAGA, alvo de boicotes e vandalismo
Concorrência apertada
Mesmo que a Tesla fosse capaz de destinar todas as 10.394 entregas “outros” ao Cybertruck, sua picape figuraria apenas ao lado de rivais como a Ford F-150 Lightning (5.842 unidades) e as picapes elétricas da GM (3.056 Silverado EV, 1.524 GMC Sierra EV e 4.508 Hummer EV) no 2º trimestre, sem alcançar liderança clara de mercado.
Meta frustrada e mercado em ebulição
Dois anos atrás, Musk prometeu produzir 250 000 Cybertrucks por ano até 2025 — o atual ritmo anualizado de ~20 000 unidades está a menos de 10% desse objetivo.
O cenário mais amplo da Tesla também se mostra desafiador: as entregas globais recuaram 13,5% no 2º trimestre de 2025, enquanto concorrentes como a BYD registraram crescimento de 42,5% nas vendas de elétricos no mesmo período (606 993 unidades).
Em Wall Street, embora os papéis da empresa tenham subido quase 300% nos últimos cinco anos, acumulam queda de cerca de 17% em 2025, refletindo incertezas quanto ao foco no negócio principal de veículos diante das ambições de IA e robótica de Musk.
