Uma decisão judicial nos Estados Unidos pode redefinir o cenário da busca online. Na terça-feira (2), o juiz distrital Amit Mehta determinou que o Google, da Alphabet, compartilhe seus dados de pesquisa com concorrentes — uma medida que favorece o crescimento de empresas de inteligência artificial e sinaliza um esforço regulatório para equilibrar o mercado.
Embora o Google tenha evitado medidas mais drásticas, como a venda do navegador Chrome ou do sistema Android, a decisão representa um avanço para startups e gigantes da tecnologia que investem bilhões em produtos baseados em IA generativa, como ChatGPT, Perplexity e Claude.
“O surgimento da GenAI mudou o curso deste caso”, escreveu Mehta, destacando que milhões de usuários já recorrem a chatbots para obter informações antes buscadas no Google.
Concorrência em ascensão, mas desafios persistem
Apesar da abertura de dados, especialistas alertam que igualar o domínio do Google exigirá tempo, capital e infraestrutura robusta. A indexação — processo pelo qual o Google analisa e organiza páginas da web — continua sendo um dos maiores obstáculos para rivais que desejam oferecer experiências comparáveis.
Ben Bajarin, CEO da Creative Strategies, afirmou que mesmo com acesso aos dados, criar uma alternativa viável seria “astronomicamente caro”. Ainda assim, empresas como OpenAI e Perplexity já estão investindo pesado: a primeira prepara o lançamento de um navegador próprio, enquanto a segunda negocia para pré-instalar seu app em smartphones.
Big Techs de olho no mercado de busca
A decisão também reacende o interesse de gigantes como Microsoft e Apple. A primeira pode reforçar o Bing, enquanto a segunda, criticada por atrasos em atualizações de IA, pode tentar entrar no setor de buscas.
Durante o julgamento, o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, expressou preocupação com o risco de engenharia reversa de sua tecnologia por concorrentes. O Departamento de Justiça, por sua vez, argumenta que o compartilhamento de dados é essencial para garantir competição justa.
“As empresas estabelecidas estão ganhando, e as startups estão recebendo centenas de bilhões de dólares para desenvolver produtos que ameaçam a primazia da busca tradicional”, justificou Mehta.
Embora o Google ainda possa pagar para manter seu mecanismo como padrão em dispositivos como os da Apple, a decisão reduz barreiras para que novas soluções de busca — especialmente aquelas impulsionadas por IA — ganhem espaço no mercado.