Pesquisadores identificaram pela primeira vez o genoma da bactéria Yersinia pestis em um animal não humano, revelando que o gado pode ter desempenhado papel central na disseminação da peste durante a Idade do Bronze. A descoberta foi feita a partir do dente de uma ovelha domesticada que viveu há cerca de 4.000 anos na região da atual Rússia.
Até então, todos os genomas antigos da bactéria haviam sido recuperados de restos humanos. O novo achado amplia a compreensão sobre como a doença circulava entre espécies e se espalhava por vastas áreas da Eurásia, antes mesmo de adquirir os genes que permitiriam sua transmissão por pulgas — mecanismo que viria a causar a Peste Negra no século XIV.
O sítio arqueológico onde o material foi encontrado pertence à cultura Sintashta-Petrovka, conhecida por avanços na criação de gado. A análise sugere que ovelhas domesticadas atuaram como ponte entre humanos e animais selvagens infectados, contribuindo para a persistência da doença por séculos.
A linhagem bacteriana identificada está extinta, mas a Yersinia pestis ainda circula em regiões da África, Ásia e Américas. A pesquisa reforça a importância de estudar a relação entre humanos e animais na origem de epidemias e pode ajudar a compreender padrões de transmissão de doenças modernas.