A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) reuniu apoio de mais de 150 entidades e parlamentares para denunciar à Organização das Nações Unidas (ONU) um caso de transfobia envolvendo o visto diplomático americano. Segundo Hilton, o documento foi emitido com o gênero masculino, desrespeitando sua identidade de gênero como mulher trans negra.
No início deste mês, Erika Hilton tentou obter um visto diplomático para participar de eventos na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. No entanto, foi informada de que o documento seria emitido com o gênero masculino, em conformidade com a política americana de reconhecer apenas dois sexos considerados “imutáveis” desde o nascimento.
A deputada classificou o ocorrido como uma violação de seus direitos humanos, além de desrespeitar sua condição de parlamentar brasileira em missão oficial. Em entrevista, Hilton afirmou ter sido “pega de surpresa” e cobrou posicionamentos do Itamaraty e do Congresso Nacional.
Na última terça-feira (29), Erika Hilton protocolou uma denúncia na ONU, acusando o governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, de modificar arbitrariamente a marcação de gênero em documentos oficiais de pessoas trans. O texto da denúncia destaca que o ato oficial agrava a exposição à discriminação institucional e à violência transfóbica, além de violar sistematicamente os direitos de um grupo específico.
Além disso, Hilton e os apoiadores protocolaram uma ação na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, solicitando medidas cautelares para a correção imediata do visto diplomático, garantindo que o gênero feminino conste na categoria “sexo”.
A denúncia recebeu apoio de parlamentares de diversos países, incluindo o líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), a deputada nacional do Chile, Emilia Schneider, e a senadora do Uruguai, Bettiana Díaz.
Pelas redes sociais, Hilton afirmou que, se os Estados Unidos quiserem desrespeitar acordos internacionais e a inviolabilidade diplomática de representantes estrangeiros, que assumam isso abertamente e “de preferência, por escrito”.
Nesta semana, Erika Hilton se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para discutir o caso e buscar soluções. A deputada agradeceu ao chanceler pela recepção e reforçou a importância de garantir que sua identidade seja respeitada em missões oficiais.
Fonte: Redação