Um estudo internacional publicado na revista científica The Lancet Infectious Diseases confirmou a eficácia da vacina TAK-003, conhecida como Qdenga, na prevenção da dengue entre adolescentes. A pesquisa foi conduzida no Brasil por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), durante a epidemia de 2024, que resultou em mais de 6 mil mortes no país, segundo dados do Ministério da Saúde.
A vacina, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para pessoas entre 4 e 60 anos, foi incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2023, com aplicação prioritária em adolescentes de 10 a 14 anos. Para avaliar sua eficácia, os pesquisadores analisaram mais de 92 mil testes realizados em jovens dessa faixa etária no estado de São Paulo.
Os resultados indicam que uma única dose da Qdenga oferece 50% de proteção contra casos sintomáticos de dengue e 67,5% contra hospitalizações. A segunda dose eleva a proteção contra sintomas para 61,7%. A resposta imunológica começa a partir do oitavo dia após a primeira aplicação, o que, segundo os pesquisadores, é relevante para situações de emergência sanitária.
A pesquisa utilizou o método “teste-negativo”, padrão em estudos de vacinas, e cruzou dados de vigilância epidemiológica com registros de vacinação. A análise confirmou a eficácia da Qdenga contra os sorotipos 1 e 2 da dengue, predominantes na epidemia de 2024.
O estudo contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e colaboração de instituições internacionais como as universidades de Yale, Johns Hopkins e Emory. Os pesquisadores alertam que a proteção conferida pela primeira dose diminui após 90 dias, reforçando a importância de completar o esquema vacinal para garantir imunidade prolongada.