EUA inauguram prisão para imigrantes ilegais em área pantanosa da Flórida

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Trump visita 'Alcatraz dos jacarés', novo centro de detenção de imigrantes na Flórida, em 1º de julho de 2025. — Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein

As autoridades norte-americanas inauguraram nesta quarta-feira (2) um novo centro de detenção de imigrantes nos arredores de Miami, batizado informalmente como “Alcatraz dos Jacarés”. A instalação foi construída em uma região isolada e pantanosa no sul da Flórida e tem capacidade para até 5 mil detidos. O local foi visitado pelo presidente Donald Trump no dia anterior.

A estrutura temporária foi montada em um antigo aeroporto usado para treinamento de pilotos e é composta por tendas e contêineres. As celas têm beliches cercados por alambrados, em vez de grades. Segundo o governo, cerca de 100 agentes da Guarda Nacional vão atuar na segurança. O custo de operação anual está estimado em US$ 450 milhões — o equivalente a R$ 2,4 bilhões. O gasto diário por detento é de US$ 247, o que representa um acréscimo de 54% em relação às prisões tradicionais de imigrantes.

Localizada a cerca de 60 km de Miami, a prisão foi construída em meio a uma zona pantanosa com alta concentração de jacarés, crocodilos e cobras. Segundo as autoridades, o ambiente inóspito e a única estrada de acesso dificultam tentativas de fuga, reforçando o caráter dissuasório da estrutura. Nas redes sociais, o governo promoveu a inauguração com imagens de jacarés vestidos com chapéus da Agência de Imigração e Alfândega (ICE), e o partido de Trump comercializa produtos com a imagem do animal.

O local fica dentro dos limites do Parque Nacional dos Everglades e próximo à reserva ecológica Big Cypress, o que gerou reações contrárias de organizações ambientais. Duas entidades entraram na Justiça contra o centro de detenção, apontando riscos à biodiversidade e possíveis impactos gerados por geradores, tráfego e iluminação. Líderes indígenas também condenaram a construção por considerar a região uma terra sagrada.

Trump minimizou as críticas e afirmou que a estrutura serve de modelo nacional para o endurecimento da política migratória. “Gostaríamos de ver centros assim em muitos estados”, declarou.

Já a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) apontou que a localização remota pode gerar negligência, dificultar o acesso jurídico e aumentar o risco de abusos. A entidade classificou o projeto como “cruel e absurdo”.

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