Ex-comandante do Exército diz que decisão de não prender golpistas em 8 de janeiro foi discutida com ministros do governo

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Ex-comandante do Exército, general Júlio César de Arruda — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

O ex-comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, afirmou nesta quinta-feira (22 de maio) que a decisão de não permitir a prisão imediata dos manifestantes acampados em frente ao Quartel-General do Exército, após os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, foi discutida com ministros do governo Lula.

Arruda foi ouvido como testemunha de defesa do tenente-coronel Mauro Cid e do ex-presidente Jair Bolsonaro na ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.

Durante o depoimento, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, questionou o general sobre o descumprimento da ordem judicial que determinava a prisão imediata dos manifestantes. Moraes citou o depoimento do então comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Fábio Augusto Vieira, que afirmou ter sido impedido por Arruda de retirar os acampados.

Segundo Vieira, ao chegar para cumprir a ordem, Arruda teria dito: “O senhor sabe que minha tropa é um pouco maior que a sua, né?”. A prisão dos manifestantes só ocorreu na manhã seguinte.

O general afirmou que discutiu a execução da ordem com os então ministros Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa), durante uma reunião no Quartel-General do Exército.

“Foi feito de maneira coordenada, de acordo com o ministro da Justiça na época, o ministro Flávio Dino, o ministro Rui Costa e o ministro José Múcio. Minha função ali foi acalmar, porque até então, e graças a Deus, não teve nenhuma morte.”

Ao ser questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Arruda negou ter impedido o ingresso da polícia no acampamento.

“Eu não neguei [ingresso da polícia]. Quando começou a acontecer aquilo tudo, fui para o QG às duas da tarde. Fui coordenar as ações.”

O general também evitou responder questões mais polêmicas e, em diversas ocasiões, afirmou “não lembrar” de detalhes sobre sua atuação no episódio.

A assessoria de comunicação do STF e dos ministros citados informaram que Flávio Dino, José Múcio e Rui Costa não vão se manifestar sobre as declarações de Arruda.

O depoimento do ex-comandante do Exército reforça as investigações sobre a tentativa de golpe e pode impactar futuras decisões judiciais envolvendo militares e ex-integrantes do governo Bolsonaro.

Fonte: Redação

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