Um pedido do governo Donald Trump para que o Japão aumente a compra de arroz americano provocou um impasse nas negociações comerciais bilaterais desta semana, segundo o jornal Nikkei. Tóquio teria “se oposto fortemente” à condição, levando ao cancelamento abrupto da viagem do principal negociador de tarifas japonês aos Estados Unidos na última quinta-feira (28).
A visita de Ryosei Akazawa, ministro de Política Econômica, tinha como objetivo finalizar um acordo firmado em julho que prevê redução para 15% da tarifa sobre importações dos EUA e um pacote de US$ 550 bilhões em investimentos japoneses nos EUA, por meio de empréstimos e garantias apoiados pelo governo. O conteúdo detalhado do pacote ainda não foi divulgado.
O ponto de discórdia
De acordo com o Nikkei, uma ordem revisada de Trump incluiu a exigência de que o Japão comprasse mais arroz americano — medida que um funcionário japonês classificou como “interferência em assuntos internos”. A demanda contradiz o entendimento anterior de que Tóquio não precisaria reduzir tarifas sobre produtos agrícolas.
No acordo de julho, a Casa Branca já havia anunciado que o Japão aumentaria em 75% as compras de arroz dos EUA. O primeiro-ministro Shigeru Ishiba afirmou que isso poderia ocorrer dentro da atual estrutura livre de tarifas, sem “sacrificar” a agricultura japonesa.
Reações políticas
O líder da oposição, Yuichiro Tamaki, criticou a falta de transparência e alertou para os riscos de conduzir negociações sem um texto formal. Ele pediu que Ishiba convoque o parlamento e esclareça o conteúdo do acordo, ressaltando que qualquer nova concessão agrícola precisaria de aprovação legislativa.
Enquanto isso, autoridades japonesas insistem que só divulgarão um documento conjunto sobre o investimento após a alteração da ordem executiva americana para remover tarifas sobrepostas a produtos japoneses.