O governo de Mato Grosso do Sul confirmou nesta segunda-feira (15) a suspensão dos abates de carne bovina voltados para o mercado dos Estados Unidos, em razão da tarifa adicional de 50% imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump sobre produtos brasileiros. A medida gerou preocupação nas cadeias produtivas locais e afeta diretamente a competitividade da carne sul-mato-grossense no comércio internacional.
Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, os frigoríficos habilitados para exportar aos EUA interromperam temporariamente os embarques, o que gerou acúmulo de produtos já prontos para exportação e, consequentemente, a paralisação dos abates.
Atualmente, o mercado americano representa 7% das exportações totais do estado e 15% da carne bovina exportada, sendo considerado um destino que remunera melhor os produtores locais. A tarifa, segundo Verruck, torna inviável a comercialização com os EUA e pode gerar reflexos negativos sobre o preço interno da arroba, devido ao aumento da oferta no mercado doméstico.
A dificuldade de realocar os produtos para outros destinos de curto prazo foi destacada como um dos principais entraves. O risco, segundo o governo estadual, é de uma desvalorização acelerada da carne produzida, além de impactos sobre a cadeia agroindustrial, incluindo transporte, refrigeração e armazenagem.
Diante do cenário, autoridades estaduais buscaram diálogo com o governo federal. A proposta apresentada envolve a prorrogação do início da vigência da tarifa, prevista para 1º de agosto, como forma de permitir a exportação dos lotes já prontos, além de tempo para a abertura de novos mercados e a condução de negociações diplomáticas.
O governo avalia que a publicação da norma de reciprocidade comercial por parte do Brasil, que permite taxar produtos americanos, pode ser usada como instrumento de barganha durante esse processo. A expectativa é que as tratativas avancem antes que os impactos se intensifiquem em outros setores.
