Apesar da imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, as exportações de panetone “made in Brazil” seguem em expansão. Em 2024, o Brasil enviou 5,2 mil toneladas do produto para diversos países, gerando receita superior a R$ 120 milhões. Só para os EUA foram embarcadas 3,2 mil toneladas, com faturamento de cerca de R$ 70 milhões, o que representa mais da metade do mercado comprador.
A estratégia das empresas brasileiras tem sido antecipar embarques e estruturar campanhas com foco em produtos de alto valor agregado, como panetones recheados e versões com gotas de chocolate. Mesmo com redução de margem de lucro, o setor conseguiu manter crescimento de 130% nas vendas para os Estados Unidos até agosto, com 1,8 mil toneladas e receita de US$ 6,7 milhões.
O Brasil abriga a maior fábrica exportadora de panetones do mundo, e o produto ocupa a quarta posição na pauta de exportações do setor de biscoitos, massas e pães industrializados. A sazonalidade das vendas, concentradas entre julho e janeiro, exige planejamento antecipado. As negociações para o ano seguinte começam ainda durante o pico de consumo nacional, entre outubro e dezembro.
Desde a pandemia, o número de países atendidos passou de 37 para 50, com destaque para Japão, México, Peru, Canadá e Chile. No Peru, o panetone é consumido fora do período natalino, em celebrações religiosas, tornando o país o maior consumidor per capita do produto. Já no Vietnã, há preferência por mini panetones vendidos online e consumidos com chá.
Mesmo diante da instabilidade nas relações comerciais com os EUA, o setor trabalha para incluir o panetone na lista de produtos que podem ser negociados diretamente com o governo americano, visando redução ou eliminação das tarifas. A Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas, Pães e Bolos Industrializados (Abimapi) lidera as articulações com apoio de empresas e entidades do setor.
