A exportação de peixes e frutos do mar brasileiros para os Estados Unidos foi oficialmente suspensa após o presidente norte-americano Donald Trump confirmar a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, causou incertezas no setor de pescados quanto ao valor final dos produtos e à viabilidade das entregas.
Segundo a Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), pelo menos 1.500 toneladas de pescados deixaram de embarcar desde quinta-feira (10). Os contêineres retidos estão distribuídos por portos nos estados da Bahia, Ceará e Pernambuco, aguardando definição sobre os impactos econômicos da medida.
O tempo estimado para a chegada dos produtos ao mercado americano é de aproximadamente três semanas por via marítima. Com isso, há receio de que os itens sejam tributados já sob a nova regra, mesmo que tenham sido embarcados antes da vigência da tarifa. Essa possibilidade criou instabilidade entre os compradores norte-americanos, que passaram a cancelar ou suspender pedidos diante da falta de segurança quanto aos custos finais.
Empresários brasileiros também demonstram preocupação com contratos previamente assinados, que podem se tornar inviáveis com a alta de impostos. Além disso, há dúvidas sobre a retroatividade da medida e o impacto sobre estoques em trânsito.
O diretor-executivo da Abipesca, Jairo Gund, afirmou que o setor busca esclarecimentos por meio do governo federal e aguarda definições que permitam retomar as exportações de forma segura. A entidade também avalia possíveis alternativas de destino, caso o impasse comercial persista.
O governo brasileiro, por sua vez, mantém negociações com autoridades dos Estados Unidos e estuda ações junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), além de possíveis contramedidas baseadas na Lei de Reciprocidade Comercial.