O volume de café exportado pelo Brasil sofreu queda de 17,5% em agosto de 2025, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. A retração ocorre após a imposição de tarifas pelos Estados Unidos, que historicamente ocupam o posto de principal comprador do produto brasileiro. Com a redução nas vendas para o mercado norte-americano, a Alemanha passou a liderar as importações no mês, com 414 mil sacas adquiridas, superando os 301 mil compradas pelos EUA — número referente a contratos fechados antes da vigência da nova taxação.
Apesar da queda no volume, a receita obtida com as exportações aumentou 12,7% em relação a agosto de 2024, totalizando US$ 1,101 bilhão. O aumento é atribuído à valorização do café no mercado internacional, impulsionada pela instabilidade gerada pelas tarifas e por fatores climáticos que afetaram a produção global. Entre 7 e 31 de agosto, o preço do café arábica na Bolsa de Nova York subiu 29,7%, passando de US$ 2,978 para US$ 3,861 por libra-peso.
Além da taxação, outros fatores contribuíram para a retração nas exportações, como a redução dos estoques internos e uma safra abaixo do potencial produtivo. O Brasil, que havia registrado recordes de vendas externas em 2024, enfrenta agora limitações na oferta, o que impacta diretamente a capacidade de atender à demanda internacional.
Especialistas apontam que, se o tarifaço imposto pelos EUA se mantiver, o café brasileiro poderá se tornar inviável para o mercado norte-americano, elevando os preços para os consumidores locais. A ausência de fornecedores com capacidade equivalente à do Brasil pode gerar um cenário de inflação no setor cafeeiro dos Estados Unidos.
No acumulado de 2025, os EUA ainda figuram como os maiores compradores de café brasileiro, mas a liderança mensal da Alemanha em agosto sinaliza uma possível mudança na dinâmica comercial, caso as barreiras tarifárias persistam.