A expansão do Mercado Livre no setor farmacêutico brasileiro representa um novo desafio competitivo para a Raia Drogasil (RD Saúde), maior rede de varejo de medicamentos do país. A expectativa é que, até 2030, a categoria de produtos farmacêuticos represente 6,5% do volume bruto de mercadorias (GMV) da plataforma, com impacto direto sobre a dinâmica de preços e margens das redes tradicionais.
Segundo projeções de mercado, o avanço do e-commerce em medicamentos isentos de prescrição (OTC) e sob prescrição (Rx) pode reduzir a margem bruta da RD em até 3,3 pontos percentuais. Atualmente, os produtos OTC representam 11% da receita da rede, enquanto os medicamentos Rx correspondem a 54%. A pressão decorre da necessidade de ajustes nos preços para manter competitividade frente à penetração digital crescente.
O segmento OTC, com margem média de 35%, já possui penetração online de 26% no Brasil, próxima à dos Estados Unidos. Caso essa participação chegue a 35% até 2030 e o Mercado Livre mantenha 42% do mercado, o GMV da categoria pode atingir US$ 2 bilhões. Já os medicamentos Rx, com margens entre 15% e 17%, devem alcançar 30% de participação online, com o Mercado Livre absorvendo até 25% desse volume.
Farmácias independentes, que operam com margens mais baixas e produtividade reduzida, são apontadas como as mais vulneráveis à transformação digital. Estima-se que entre 25% e 45% dessas unidades possam deixar o mercado nos próximos anos, abrindo espaço para redes como a RD absorverem parte da receita perdida.
A entrada do Mercado Livre no setor farmacêutico segue tendência global de digitalização do varejo de saúde, com foco inicial em medicamentos de uso crônico, que representam até 60% do mercado Rx. A logística e exigência de receita médica tornam o segmento mais complexo, mas o histórico da empresa em outras categorias sugere capacidade de adaptação.