O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, encaminhou nesta quarta-feira (10) um ofício ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, solicitando a abertura de investigação sobre ameaças recebidas por meio das redes sociais. Segundo o documento, Dino passou a ser alvo de mensagens graves contra sua vida e integridade física após votar pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus envolvidos na tentativa de golpe de Estado.
Entre os conteúdos mencionados, uma das ameaças faz referência ao incêndio que matou a esposa do ex-primeiro-ministro do Nepal, durante protestos que culminaram na renúncia do líder K.P. Sharma Oli. Dino alertou que discursos distorcidos sobre processos judiciais podem incitar ações criminosas, como os ataques já registrados contra o edifício-sede do STF, inclusive com uso de explosivos.
O ministro também citou um episódio recente em que uma mulher tentou agredi-lo durante um voo entre São Luís e Brasília. A acusada foi indiciada pela Polícia Federal pelos crimes de injúria e incitação ao crime. O incidente ocorreu no dia 1º de setembro, às vésperas do início do julgamento dos réus pela Primeira Turma do STF.
Na sessão de terça-feira (9), Dino apresentou voto detalhado pela condenação dos envolvidos, destacando a atuação de liderança de Bolsonaro e do general Braga Netto. O ministro indicou que proporá penas mais severas para ambos. Ele também criticou pressões externas, incluindo manifestações do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, e reforçou que os crimes em análise não são passíveis de anistia.
A solicitação de Dino à Polícia Federal reforça a preocupação com a segurança institucional dos magistrados e o impacto de discursos radicais na esfera judicial. A apuração das ameaças será conduzida pelas autoridades competentes, com foco na identificação dos autores e na responsabilização legal.
