Nesta quarta-feira (10), a França foi palco de uma ampla mobilização social que reuniu cerca de 250 mil pessoas em diversas cidades do país. Convocados pelo movimento “Bloquons Tout” (“Vamos Bloquear Tudo”), os manifestantes protestaram contra as políticas econômicas e sociais do governo de Emmanuel Macron, especialmente após a apresentação do plano orçamentário de 2026, que prevê € 44 bilhões em cortes e a eliminação de dois feriados.
De acordo com o jornal Humanité, os atos se espalharam por escolas, hospitais, empresas e vias públicas, com piquetes, marchas e bloqueios. Em Paris, centenas se sentaram em frente às brigadas de segurança em um gesto simbólico de resistência. O Ministério do Interior registrou 430 ações em todo o país e mais de 300 prisões, sendo 183 apenas na capital. Quatro agentes de segurança ficaram feridos durante os confrontos.
A mobilização ocorre em meio à crise política provocada pela queda do ex-primeiro-ministro François Bayrou, substituído por Sébastien Lecornu. A nomeação de Lecornu, vista como uma guinada à direita, intensificou o descontentamento popular.
O ministro do Interior, Bruno Retailleau, tentou desqualificar os protestos ao afirmar que o movimento foi “sequestrado por uma ultraesquerda violenta”, acusando os organizadores de promoverem um clima insurrecional. A declaração foi duramente criticada por representantes da oposição, que defendem a legitimidade das reivindicações por justiça, igualdade e democracia.
Pesquisas recentes indicam que quase metade da população apoia o movimento, que se consolidou como expressão da insatisfação social diante das medidas de austeridade e da condução política do governo Macron.