O governo dos Estados Unidos autorizou oficialmente o uso de ferramentas de inteligência artificial desenvolvidas pelas empresas OpenAI, Google e Anthropic em órgãos civis da administração federal. A informação foi divulgada pela Bloomberg.
A decisão foi anunciada nesta terça-feira (5) pela Administração de Serviços Gerais (GSA), que incluiu os modelos ChatGPT (OpenAI), Gemini (Google) e Claude (Anthropic) no Multiple Award Schedule — principal sistema de compras governamentais do país. Com isso, agências públicas poderão acessar essas tecnologias sem a necessidade de contratos individuais com cada empresa.
A medida ocorre poucos dias após o presidente Donald Trump assinar três ordens executivas para regulamentar o uso de IA no setor público. Entre as diretrizes, está a exigência de que apenas sistemas “livres de viés ideológico” sejam utilizados. Segundo a GSA, cada agência será responsável por garantir o cumprimento dessa norma.
“Estamos em uma corrida, como o presidente disse, e vamos vencê-la”, afirmou Josh Gruenbaum, comissário do Serviço Federal de Aquisições, em referência à disputa global pela liderança em inteligência artificial.
Avaliação técnica e expansão futura
Segundo a GSA, os modelos passaram por testes rigorosos de desempenho e segurança antes da aprovação. Embora os termos contratuais não tenham sido divulgados, a agência costuma negociar grandes descontos com fornecedores como Adobe, Salesforce e a própria Google.
A inclusão das três empresas não encerra o processo. Outras fornecedoras poderão ser habilitadas futuramente. “Não estamos escolhendo vencedores ou perdedores. Queremos oferecer o máximo de ferramentas para que os servidores públicos sejam o mais produtivos possível”, explicou o vice-administrador da GSA, Stephen Ehikian. “Cada ferramenta será mais adequada para diferentes tipos de uso.”
A decisão marca a transição do uso experimental — antes restrito a projetos-piloto e à área de defesa — para uma adoção ampla no setor público civil. O Departamento de Defesa já havia firmado acordos com a OpenAI e com a xAI, empresa de Elon Musk, em contratos separados.
Aplicações práticas e desafios
Entre os órgãos interessados em adotar os modelos estão o Departamento do Tesouro e o Escritório de Gestão de Pessoal (OPM). Segundo Scott Kupor, diretor do OPM, as ferramentas poderão ser usadas para criar chatbots de atendimento ao público e para resumir milhares de contribuições recebidas em consultas públicas — tarefas que antes atrasavam o processo regulatório.
Kupor ressaltou, porém, que a implementação exige profissionais qualificados: “Provavelmente estamos deixando de contratar pessoas fluentes em temas modernos e ligados à IA”, afirmou.
Ele também destacou a importância de um planejamento cuidadoso: “Não podemos simplesmente jogar ideias na parede e ver o que cola”, concluiu.