Haddad diz que situação fiscal melhorou e prevê prevê déficit de 0,1% do PIB em 2024

6 Min de leitura
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante coletiva para explicar o pacote de corte gastos do governo - Crédito: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou que a situação fiscal atualmente é melhor do que a que o país vivia em 2022, no final do governo anterior.

“2024 já foi melhor que o último ano do governo anterior. Isso está em um estudo divulgado hoje em parceria com FGV, a pedido do Ministério da Fazenda. Acredito que em 2025 vamos ter o mesmo resultado fiscal de 2024.”

Em entrevista na tarde desta terça-feira, 7, à GloboNews, o ministro disse que o governo federal encerrou 2024 com um déficit primário de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e que o déficit alcança 0,37% do PIB se considerados os gastos do governo com a calamidade provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul, mas essas despesas não são computadas para efeito de cumprimento da meta.

Se confirmado o dado, o governo terá cumprido a meta fiscal de 2024, que prevê déficit zero, com tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para mais ou para menos. O dado oficial do resultado primário do ano ainda não foi divulgado.

Segundo o ministro, o governo teve alguns “dissabores”. “Tivemos a decisão do STF de 2017 que impactou economia brasileira em 10% do PIB. Além disso, devolução de duas medidas provisórias pelo Congresso. Se aquelas medidas tivessem sido aprovados, nos teríamos hoje já um superávit primário nas contas públicas.”

Haddad afirmou que, se o plano traçado pelo Ministério da Fazenda for como o planejado, sem grandes alterações “vamos chegar com a economia muito mais arrumada do que levamos”.

“É a minha missão com ministro da Fazenda, entregar muito melhor do que recebemos. Sem maquiagem, sem calote, sem jabutis de grupos empresariais e contendo gastos de maneira adequada. Sem prejudicar trabalhar de baixa renda, garantindo os direitos da Constituição. Nós vamos perseguir esse caminho e estou muito confiante que vamos conseguir esse resultado.”

Cenário externo “desafiador”

O ministro Fernando Haddad apontou ainda que o cenário externo está mais desafiador, argumentando que o mundo está preocupado com incertezas relacionadas à maneira que a economia dos Estados Unidos será gerida a partir deste ano, sob a gestão de Donald Trump.

Haddad afirmou que o mundo vive um momento muito sensível e acrescentou que teve reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o governo seja “mais cuidadoso do que nunca” com o cenário externo.

“Estamos em um mundo tenso, a questão ideológica faz diferença, a comunicação mais sensível. Tivemos hoje o anúncio de uma grande empresa de comunicação que nos preocupa, de que está derrubando filtros de checagem sobre notícias. Vimos o que aconteceu com a democracia brasileira em relação a fake news. Não só de tentativa de golpe como de assassinatos de pessoas. Estamos em um mundo mais complicado, não dá para negar. A economia estará bem, mas temos que cuidar da nossa democracia, das pessoas, das informações, para evitar pânico, desespero, que pessoas abracem extremismos. Tudo isso é muito desafiador.”

Haddad disse acreditar que, dentro do contexto mundial, o Brasil tá bem posicionado. “Crescemos 7% em dois anos, maior crescimento desde 2011.”

O ministro avalia também que houve uma reação exagerada do mercado com a alta recente do dólar e acrescentou que espera uma acomodação do nível do câmbio. Haddad afirmou também que não julgará decisões de juros do Banco Central, ressaltando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca interferiu na atuação da autarquia.

Ele acrescentou que conversava tecnicamente com o ex-presidente do BC Roberto Campos Neto e fará o mesmo com o novo chefe da autoridade monetária, Gabriel Galípolo, indicado por Lula e que assumiu o comando da instituição agora em 2025.

“Não fazemos pouco caso quando BC e Tesouro alertam sobre riscos. O governo tem agido e vai continuar agindo.”

Férias canceladas e reunião com Lula

As férias do ministro Fernando Haddad foram interrompidas na segunda-feira, 6, segundo despacho publicado no Diário Oficial da União. Pela manhã, o ministro teve uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.

Além da interrupção das férias, o período de férias que Haddad teria de 10 a 21 de janeiro foi cancelado. Em nota, a Fazenda informou que a decisão de cancelar o período de férias “foi tomada após o pronto restabelecimento de seu familiar que passou por um procedimento cirúrgico no final do ano, motivo da marcação de férias neste período”.

(em atualização)

 

Fonte: Isto é Dinheiro

MARCAÇÕES:
Compartilhar