O Ibovespa começou a última semana cheia do ano como terminou a anterior, com queda e péssimo humor. A baixa de hoje foi de 0,84%, aos 123.560,06 pontos, um recuo de 1.052,16 pontos. É a terceira baixa seguida do principal índice da Bolsa brasileira, que perdeu mais de 6 mil pontos desde quinta-feira (12). Mais do que isso, o fechamento de hoje é o menor patamar desde o fechamento de 26 de junho deste ano, quando o IBOV terminou com 122.641,30 pontos; ou seja, hoje alcançou o patamar mais baixo em pouco mais de cinco meses e meio.
O dólar comercial também seguiu a mesma toada e engatou a terceira alta consecutiva, com mais 0,99%, a R$ 6,09. Assim como na quinta-feira (12) e na sexta (13), quando o Banco Central realizou leilões para acalmar o câmbio e não logrou êxito, hoje não foi diferente, após mais uma intervenção. Já os DIs (juros futuros) seguem subindo e já atingem os 15% com certa folga. O impulso veio com o Boletim Focus elevando as projeções para a Selic, o dólar, a inflação e para o PIB de 2025.
Votação do pacote fiscal segue no radar
Apesar da queda como leitura final, o dia foi de bastante oscilação, pelo menos até o índice se decidir pelo caminho da queda, já nas duas horas finais de pregão, quando passou a renovar constantemente as mínimas do dia.
“As preocupações com o fiscal seguem ditando o ritmo do mercado”, diz o economista Fabio Louzada. Para ele, os dados do Focus “impulsionaram o estresse na curva de juros, (…) que seguem num ritmo de alta desde que o governo apresentou um pacote de corte de gastos considerado insuficiente pelo mercado, além de uma proposta de isenção de IR para quem recebe até R$ 5 mil”.
Esta é a última semana para o Congresso votar não só as medidas fiscais e a regulamentação da reforma tributária, como também a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento em si.
O tempo passa, o tempo voa, cantava aquele velho comercial. Mas para ficar tudo numa boa, é preciso um esforço que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acha ser possível conseguir. No caso do pacote fiscal, o presidente Lula, despachando de sua casa em São Paulo após os procedimentos médicos que teve na semana passada, fez um apelo “para que as medidas não sejam desidratadas”. É esperar para ver.
Vale, Petrobras, bancos e varejos caem
Enquanto isso, o mau humor impera em São Paulo e quase todas as mais importantes ações caíram. Vale (VALE3) ainda chegou a avançar mais de 1,00%, mas terminou mesmo com baixa de 0,05%. Petrobras (PETR4), por sua vez, acabou com menos 0,42%, em dia de queda do petróleo internacional.
Os bancos terminaram com quedas consistentes, todos na casa de 1%, com destaque para Itaú Unibanco (ITUB4), que desceu 1,09%. B3 (B3SA3), que passou a sessão inteira no azul, graças ao anúncio de recompra de ações, amargou uma baixa de 0,98%.
Os varejistas também sofreram, com os juros futuros subindo por toda a curva e com uma Selic projetada lá nas alturas pelo Focus. Lojas Renner (LREN3) perdeu 2,93% e Magazine Luiza (MGLU3) caiu 5,37%. Mas houve uma tremenda exceção: GPA (PCAR3), que disparou 15,61%, com notícias de que o empresário brasileiro Nelson Tanure teria adquirido 9% da companhia.
Embraer (EMBR3) foi outra que subiu, com ganhos de 0,38%, não sem passar por muita oscilação, com Portugal anunciando que vai comprar 12 aviões de combate da empresa.
Por fim, vale citar a estreia da Automob (AMOB3) na Bolsa. A alta ficou em 180,10% em seu primeiro dia. Não dá para reclamar.
Amanhã, além das votações no Congresso brasileiro, o investidor vai se debruçar na ata da reunião da semana passada do Copom, além de alguns indicadores importantes nos EUA, como vendas no varejo e produção industrial. Respira fundo, porque a semana está só começando. (Fernando Augusto Lopes)
Fonte: Infomoney