O Ibovespa conseguiu sua segunda alta seguida nesta terça-feira, com 0,95%, aos 121.162,66 pontos, um ganho de 1.141,14 pontos. O dólar comercial emendou a segunda baixa seguida, com 0,13%, a R$ 6,10, e os DIs (juros futuros) subiram por toda a curva, em uma sessão de muita oscilação, com realização de lucros.
O principal motivo foi uma entrevista longa feita por Fernando Haddad, ministro da Fazenda, à Globonews. No meio do pregão, uma da tarde, o ministro desfilou otimismo com os números da economia: “acredito que nós podemos chegar bem em 2026. Espero que comendo até filé mignon“, em alusão à picanha prometida em campanha pelo presidente Lula. Para ele, a economia brasileira chegará ao fim de 2026 “muito mais arrumada” do que a herdada no início do governo, se o plano da equipe econômica for efetivado. Ele afirmou que esse resultado será conquistado “sem maquiagem, sem contabilidade criativa e sem calote”.
A projeção dele é que o Brasil tenha fechado 2024 com déficit de 0,1% e alta de 3,6% do PIB. A arrecadação federal ajudou, crescendo 11,21% em novembro. Mesmo assim, o mercado ainda desconfia. Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, apontou o fato do ministro ser “sempre demasiadamente otimista em suas falas e hoje (na entrevista) não foi diferente. Não tivemos surpresas, ele insiste em dizer que existe compromisso com o fiscal, mas na prática não é isso que o mercado e, principalmente os investidores estrangeiros, que representam mais de 1/4 de todo fluxo de capital a Bolsa, estão vendo”. Haddad vê mercado “muito sensível”, mas reconhece “problema grave de comunicação”
Dados derrubam bolsas nos EUA
Lá fora, não houve ajuda. Wall Street viu os principais índices caírem, com dados de mercado de trabalho ainda sensíveis.
Esta semana ainda aparecerão os dados ADP de empregos privados (amanhã) e o payroll (sexta), o mais importante dos relatórios do setor – quinta-feira (9), Wall Street fecha, em homenagem à morte do ex-presidente Jimmy Carter.
Vale tem nova queda, mas Petrobras e bancos salvam
Apesar deste começo de ano mais confuso, a Bolsa brasileira tem tentado recuperar um tanto do muito terreno perdido no final de 2024, especialmente a partir de novembro. Não tem sido fácil. Hoje, por exemplo, Vale (VALE) caiu 0,97%, com minério de ferro na mínima de sete semanas, e impediu uma alta ainda mais robusta do Ibovespa, que foi basicamente sustentada pelo forte ganho de Petrobras (PETR4), com mais 2,13%, e dos bancos, que subiram todos em torno de 1%, com destaque para Bradesco (BBDC4), com mais 1,40%.
Os varejistas não repetiram a performance de ontem e ficaram mistos: Magazine Luiza (MGLU3) caiu 0,75% e Lojas Renner (LREN3) subiu 4,31%, ainda contabilizando o comércio de final de ano. Ambev (ABEV3) ganhou 2,21%, com venda de marca de sucos.
As aéreas devolveram um pouco dos ganhos nas alturas de ontem, de mais de 10% e desceram hoje: Azul (AZUL4) perdeu 2,33% e Gol (GOLL4) recuou 1,27%.
Não foi uma sessão exalando otimismo como ontem, mas os ganhos continuaram aparecendo. Nesta quarta, há dados da produção industrial brasileira em novembro e mais dados de emprego nos EUA. É melhor aproveitar o sentimento. (Fernando Augusto Lopes).
Fonte: InfoMoney