A produção industrial do Brasil apresentou queda de 0,5% em maio de 2025 na comparação com abril, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (2). Este é o segundo recuo consecutivo da atividade, que já havia registrado retração de 0,2% em abril.
Apesar da retração mensal, o setor teve alta de 3,3% em relação ao mesmo período de 2024. Os resultados vieram próximos às projeções de analistas consultados pela Reuters, que estimavam queda mensal de 0,5% e alta anual de 3,5%.
Segundo o IBGE, o desempenho negativo de maio elimina parte do crescimento acumulado nos três primeiros meses do ano e mantém a atividade industrial 15% abaixo do nível recorde observado em maio de 2011. O economista André Macedo, responsável pela pesquisa, destacou que o resultado intensifica a perda de ritmo iniciada em abril.
O cenário para a indústria segue pressionado por fatores como juros altos, incertezas fiscais internas e instabilidade tarifária internacional. A taxa básica de juros (Selic) se mantém em 15% ao ano, com o Banco Central indicando que permanecerá nesse patamar por um “período bastante prolongado”.
Das 25 atividades industriais pesquisadas, 13 apresentaram queda na produção. Entre os principais recuos estão:
- Veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,9%)
- Coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,8%)
As categorias econômicas também mostraram retrações:
- Bens de consumo duráveis (-2,9%)
- Bens de capital (-2,1%)
- Bens de consumo semi e não duráveis (-1,0%)
O único segmento com desempenho positivo foi o de bens intermediários, com alta de 0,1% — resultado atribuído ao setor extrativo, especialmente à maior produção de minério de ferro.
Segundo análise de André Valério, economista do Inter, o resultado do segundo trimestre aponta perda acumulada de 0,7%, indicando contribuição negativa da indústria para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. A projeção para o setor em 2025 é de crescimento de apenas 1,2%, com tendência de desaceleração nos próximos meses.