O governo israelense está considerando a anexação de partes da Cisjordânia ocupada como reação às recentes declarações de países como França, Reino Unido, Austrália e Canadá, que sinalizaram apoio ao reconhecimento formal de um Estado palestino. A proposta será discutida neste domingo pelo gabinete de segurança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, segundo autoridades israelenses.
A medida envolveria a extensão da soberania israelense sobre territórios capturados na guerra de 1967, incluindo assentamentos judaicos e áreas estratégicas como o Vale do Jordão. Ainda não está definido se a anexação abrangeria toda a Cisjordânia ou apenas regiões específicas, nem o cronograma para sua implementação — que exigiria um processo legislativo complexo.
A iniciativa deve gerar forte oposição internacional. Os palestinos reivindicam a Cisjordânia como parte fundamental de um futuro Estado, e países árabes e ocidentais já sinalizaram que qualquer passo nesse sentido seria amplamente condenado. A posição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tema ainda não foi esclarecida.
O gabinete de Netanyahu não comentou oficialmente a proposta. Também não houve resposta do ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, sobre possíveis conversas com autoridades americanas, como o senador Marco Rubio, durante visita recente a Washington.
Em 2020, Netanyahu havia prometido anexar os assentamentos e o Vale do Jordão, mas recuou em favor da normalização das relações com Emirados Árabes Unidos e Barein, nos chamados Acordos de Abraão, intermediados por Trump.
O presidente palestino Mahmoud Abbas também não se pronunciou. Na sexta-feira, os EUA informaram que não permitirão sua participação na Assembleia Geral da ONU, onde aliados americanos devem oficializar o reconhecimento da Palestina como Estado soberano.
A Corte Internacional de Justiça declarou em 2024 que a ocupação israelense da Cisjordânia e seus assentamentos são ilegais e devem ser encerrados. Israel, por sua vez, argumenta que os territórios são disputados e não ocupados, embora a maioria da comunidade internacional discorde dessa interpretação.
Anexações anteriores, como as de Jerusalém Oriental e das Colinas de Golã, não receberam reconhecimento internacional. Dentro da coalizão de Netanyahu, há pressão crescente para formalizar a anexação da Cisjordânia, com base em vínculos históricos e religiosos com a região.