Israel reconhece feridos entre civis palestinos em centros de ajuda em Gaza e anuncia mudanças operacionais

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(Foto: REUTERS/Mahmoud Issa)
(Foto: REUTERS/Mahmoud Issa)

As Forças Armadas de Israel reconheceram nesta segunda-feira (30) que civis palestinos foram feridos em centros de distribuição de ajuda na Faixa de Gaza. Segundo o porta-voz militar, novas diretrizes foram emitidas às tropas após uma revisão interna motivada por “lições aprendidas”.

Desde a suspensão de um bloqueio de 11 semanas, em 19 de maio, que permitiu a retomada limitada da entrega de ajuda humanitária pela ONU, mais de 400 palestinos foram mortos enquanto buscavam alimentos, segundo a organização.

“Após incidentes envolvendo civis feridos nas instalações de distribuição, o Comando Sul realizou inspeções rigorosas e orientou as forças em campo com base nas lições aprendidas”, afirmou o porta-voz em nota oficial. A nota também informou que esses episódios estão sob investigação.

A declaração ocorre após uma reportagem do jornal Haaretz, que revelou que o advogado-geral militar israelense ordenou uma investigação sobre possíveis crimes de guerra, diante de alegações de que soldados teriam atirado deliberadamente contra civis próximos aos pontos de distribuição.

O Times of Israel também noticiou, citando fontes militares, que em pelo menos três ocasiões os bombardeios de artilharia, supostamente usados para afastar civis de zonas restritas, foram imprecisos, resultando em 30 a 40 vítimas — algumas fatais. O porta-voz israelense não comentou diretamente essa informação.

Israel argumenta que atua nas proximidades dos centros para impedir que a ajuda caia nas mãos de militantes do Hamas.

Um alto funcionário das Nações Unidas declarou no domingo que a maioria das mortes ocorreu entre pessoas que tentavam alcançar os postos da Fundação Humanitária Gaza (GHF), apoiada pelos EUA. A fundação começou a distribuir alimentos no final de maio com um novo modelo de entrega, que, segundo a ONU, carece de imparcialidade e neutralidade.

Moradores de Gaza relatam que precisam caminhar por horas até os centros de ajuda, iniciando o trajeto ainda antes do amanhecer para garantir acesso aos suprimentos.

Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, foi enfático ao classificar a operação apoiada pelos EUA como “inerentemente insegura”, acrescentando: “Ela está matando pessoas”.

Apesar da pressão de Israel e dos EUA para que a ONU colabore com a GHF, a organização internacional recusou-se, alegando que o modelo impõe a militarização da ajuda e provoca deslocamentos forçados.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores de Israel reafirmou que suas forças não têm como alvo civis, e acusou a ONU de agir contra o esforço de ajuda promovido pela GHF. A fundação, por sua vez, afirmou que não houve mortes em seus centros ou nos arredores. Israel e os EUA também acusam o Hamas de desviar ajuda das operações lideradas pela ONU — acusações que o grupo palestino nega.

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