O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou nesta terça-feira (5) que as Forças de Defesa de Israel (IDF) estão prontas para executar qualquer decisão tomada pelo Gabinete de Segurança em relação à Faixa de Gaza — incluindo uma eventual reocupação completa do território palestino. A nota foi divulgada após uma reunião de três horas entre Netanyahu e líderes militares.
A declaração ocorre em meio a crescentes pressões internas por uma nova ofensiva. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, afirmou que o chefe do Estado-Maior, general Eyal Zamir, deverá cumprir qualquer deliberação do gabinete, mesmo sendo contrário à reocupação. Segundo a imprensa local, Zamir teria alertado para o risco de morte de civis israelenses ainda mantidos reféns pelo Hamas. Já o ministro da Defesa, Israel Katz, reforçou que o Exército deve obedecer “em todas as frentes”.
Segundo reportagem do Jerusalem Post publicada na segunda-feira, uma fonte do governo revelou que Netanyahu decidiu assumir o controle total da Faixa de Gaza, inclusive das áreas onde há reféns. A emissora Canal 12 informou que a medida seria uma resposta à exigência do Hamas, que condiciona a libertação dos sequestrados à rendição completa de Israel.
Bloqueio à ajuda humanitária agrava crise alimentar
Apesar de ter autorizado parcialmente o retorno da ajuda humanitária no fim de julho, o governo israelense continua impondo severas restrições ao acesso à Faixa de Gaza. A distribuição de alimentos, coordenada pela Fundação Humanitária de Gaza — com respaldo dos Estados Unidos — está concentrada no sul do enclave e sob forte vigilância militar. Há relatos frequentes de tropas israelenses disparando contra palestinos que aguardam em filas por mantimentos.
Em 23 de julho, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para o agravamento da crise alimentar. Segundo ele, mais de 10% da população sofre de desnutrição aguda, e mais de 20% das mulheres grávidas e lactantes apresentam quadros severos. Tedros atribuiu a deterioração da situação à interrupção das entregas de ajuda e às restrições impostas por Israel.