A jornalista Stefani Costa, correspondente do Opera Mundi em Lisboa, foi alvo de uma nova ameaça de morte feita por Bruno Silva, militante da extrema direita portuguesa. Em publicação na rede X, nesta quinta-feira (11), Silva ofereceu dinheiro pelo “extermínio” de brasileiros e prometeu um bônus de 100 mil euros pela “cabeça” da jornalista. Ele também ofereceu um apartamento avaliado em 300 mil euros como recompensa por um massacre contra imigrantes.
“Não é a primeira vez que recebo ameaças de morte; já aconteceu várias vezes. Inclusive, já fui agredida na rua por um eleitor do Chega, apenas por ser brasileira”, declarou Stefani ao Opera Mundi. A jornalista afirma que seu trabalho com temas sensíveis e direitos humanos a torna alvo frequente de ataques.
Escalada de violência e discurso xenófobo
Stefani relembrou episódios anteriores de intimidação, incluindo agressões dentro do Parlamento português e ameaças feitas por apoiadores do partido Chega e grupos neonazistas. Em 2024, o líder do Chega, André Ventura, chegou a publicar um vídeo segurando uma tesoura e uma reportagem escrita por ela.
Dados oficiais apontam que os crimes de ódio em Portugal cresceram mais de 200% nos últimos cinco anos, com 421 ocorrências registradas apenas em 2024. A jornalista afirma que o sentimento de insegurança é compartilhado por muitos brasileiros e outros imigrantes no país.
Mobilização jurídica e institucional
Diante da ameaça, o advogado Camillo Júnior informou que pretende acionar o Ministério da Justiça do Brasil e autoridades diplomáticas brasileiras em Lisboa para acompanhar o caso. Ele também responsabiliza o discurso de ódio promovido por setores da extrema direita, como o partido Chega, pelo aumento da violência contra imigrantes.
Organizações como Casa do Brasil, Vida Justa, Solidariedade Imigrante e o Grupo de Ação Conjunta Contra o Racismo e a Xenofobia (GAC) têm atuado na denúncia de crimes e no apoio às vítimas. Uma petição em curso propõe a alteração do artigo 240 do Código Penal português para criminalizar efetivamente práticas racistas e xenófobas, que hoje são tratadas como infrações administrativas.
Criação da UNEF gera apreensão entre imigrantes
A recente criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF), subordinada à Polícia de Segurança Pública, também tem gerado preocupação. A nova força policial, que entrou em operação em agosto de 2025, herdou cerca de 100 mil processos de afastamento de imigrantes em situação irregular. Representantes da comunidade brasileira temem que a medida amplie o clima de insegurança, em vez de resolver os atrasos nos processos de residência.