A primeira audiência sobre o pedido da governadora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, para permanecer no cargo enquanto contesta a tentativa de demissão feita pelo presidente Donald Trump terminou nesta sexta-feira (29) sem decisão. A sessão ocorreu no Tribunal Distrital dos EUA, em Washington.
Trump alega que Cook teria cometido fraude hipotecária ao adquirir um imóvel e um apartamento em 2021, um ano antes de ser nomeada pelo então presidente Joe Biden para o conselho do Fed. As acusações não foram comprovadas.
O presidente norte-americano tem criticado com frequência o Fed e seu presidente, Jerome Powell, por não reduzirem as taxas de juros, atualmente mantidas entre 4,25% e 4,5%. Lisa Cook, primeira mulher negra a ocupar o cargo, votou contra cortes, alinhando-se à maioria do conselho.
Defesa e implicações
Sem apoio institucional formal do Fed — que, por razões legais, não pode defendê-la diretamente — Cook é representada por seu advogado particular, Abbe David Lowell. Ele argumentou à juíza Jia Cobb que a motivação de Trump é política:
“Ele já disse que quer a maioria no conselho do Fed.”
O debate jurídico gira em torno do conceito de “justa causa” para a remoção de um governador do banco central. Caso a demissão seja confirmada, especialistas alertam que a independência histórica do Fed pode ser comprometida. Nenhum presidente havia destituído um governador em 112 anos de história da instituição.
Se Cook vencer, a capacidade de um presidente pressionar ou substituir membros do Fed será significativamente limitada, reforçando a autonomia da autoridade monetária.
Próximos passos
A decisão não deve sair antes do Dia do Trabalho nos EUA, celebrado na próxima segunda-feira (1º), embora a juíza tenha dito que tentará agilizar o processo.
Lowell classificou as acusações como parte de “uma campanha de difamação óbvia” para desacreditar a governadora, afirmando que não têm relação com seu desempenho no cargo e não justificam sua remoção.